Semana passada falamos muito brevemente sobre a Caravan Diplomata, essa interessante - e luxuosa - perua criada de encomenda para oferecer ao público uma boa resposta à Volkswagen Quantum, concorrente séria e muito competente da perua da linha Opala.
Predicados não faltavam: apesar da falta muito sentida de um par traseiro de portas (talvez o maior defeito da Caravan - e também o da Marajó, Belina, Parati e Elba daqueles tempos), o nível de acabamento era muito bom e bem executado, além da tranquilidade da durabilidade dos motores e do bom nível de desempenho das versões com seis cilindros, fora a peculiaridade de ter quase nenhum item de opção. Tudo que era interessante e fazia parte do conforto (ar-condicionado, por exemplo) era equipamento standard , a não ser a transmissão automática de três velocidades, opcional para as versões de maior cilindrada. Um luxo que dá gosto de ver, andar e sentir.
E ao saber da novidade, a turma da Motor-3 se apressou a pedir uma emprestada pra saber a quantas andava a perua Diplomata e achou muito promissor o modelo, apesar de ter avaliado uma unidade pré-série, como podemos ler da edição n. 64 (outubro de 1985), cuja íntegra da reportagem temos o prazer de publicar:
Nasci no começo da década posterior à publicação da reportagem, mas mesmo nos anos 1990 a Caravan Diplomata chamava muito a atenção, sobretudo aquelas que recebiam a pintura em dois tons, bem ao gosto da época. Certamente teria uma destas, mesmo uma de quatro cilindros, para viajar tranquilo e sossegado, ar-condicionado ligado, música tranquila no toca-fitas, curtindo maciamente a paisagem e o tempo fluir preguiçosamente numa dessas tardes de sol...
Uma com o motor mais austero realmente estaria de bom tamanho para uso normal, por mais que eu conheça um opaleiro que literalmente joga no lixo os motores 153 e 151. Nem para tentar montar um "Chepala" e convencer a esposa dele a dirigir...
ResponderExcluirO 151 não é de todo ruim, para além da vibração que sempre foi muito característica (que o dia o 153), tem o torque suficiente para tocar um Opala/Caravan sem fazer o motorista passar vergonha. O 250 é mais exuberante, digamos assim, pelo torque a mais e os dois cilindros a mais a pedalar o virabrequim, mas, na prática, no trânsito que hoje se tem e o consumo não muito modesto, o quatro cilindros é uma boa opção. O seis cilindros fica ainda mais interessante, para quem dele pode manter e sustentar... ahahhaha
ExcluirGrato pela visita e os comentários!
Existe uma falácia dos preços desses carros, na época em que eles já estavam estagnados nas concessionárias e a produção era baixa - economia muito fraca. Como a maioria das pessoas não queria ter uma barca de mais de 4,50 m de comprimento e que fizesse em média uns 5-6 km por litro, esse tipo de carro grande desvalorizava absurdamente.
ResponderExcluirA caravan diplomata custava Cr$ 80,000,000 né? Em conversão para o Real de 2022 seria algo em torno de R$ 30,000. Mas, contudo, entretanto, porém... a depreciação por ser um carro gastão fazendo seus 5 km por litro de álcool deixaria o valor dela nos 2 anos seguintes em torno dos Cr$ 40,000,000 convertidos em módicos R$ 14,000. Lembra daqueles dart/charger sendo vendidos à preço de TV nos anos 1980? Nenhum chevrolet de motor 4.1 sobrevivia. Os modelos mais antigos eram capengados e nem sobrava lata pra contar história.
Carros que não desvalorizavam eram os compactos e médios como Oggi, Prêmio, Chevette, Monza, Del Rey, Escort, Santana, Passat... esses seguraram o mesmo preços até os anos 1990 porque eram produtos mais bem acertados. Dificilmente um Monza 1.8 iria desvalorizar tanto quanto uma Caravan 4.1, e olha que para um "carrinho" de tração dianteira ele não fazia feio dentro do lineup da GM. Pelo contrário, ele roubava com prazer os compradores dos Opala 4 cilindros.
Interessante o seu comentário e vou trazer uns dados pra discussão, e é interessante a gente olhar o passado de uma forma crítica, isso me agrada muito.
ExcluirConforme a tabela de preços publicada na revista Motor-3 de abril/1985 (e que peguei aleatoriamente aqui), o Opala Diplomata de quatro portas e motor de seis cilindros custava Cr$ 48.251.842,00 - pela conta feita pela Calculadora do Cidadão (usando os índices IGP-DI), são atuais R$ 265.575,06. O mesmo carro, o Diplomata seis cilindros usado, de 1980, era estimado em R$ 7.000.000,00 - atuais R$ 38.527,00.
Um Chevette SL de duas portas de 1979 naquela ocasião era estimado em Cr$ 4.000.000,00 (atuais R$ 22.015,75); o novo a gasolina e com motor 1,4 saia por Cr$ 17.964.712,00 (atuais R$ 98.876,63), isso com uma comparação dentro da mesma montadora.
A produção dos modelos mais caros não era das maiores - no livro "Clássicos do Brasil, Opala" há a informação de que a GMB montou exatas 33 Caravan Diplomata a gasolina e outras 1.006 a álcool, até porque o mercado da época assolado por uma inflação inclemente, sem financiamentos muito longos (quando os tinha!) não absorveria muito além disso.
A desvalorização dos grandes carros foi absurda e talvez diria brutal; dificilmente um Dodge Dart 1970, nesse mesmo ano de 1985, valeria mais do que uma Caloi 5 usada, isso explica em grande parte a extinção desse tipo de automóvel nos dias de hoje.
E quanto ao Monza, é um carro excelente e eu mesmo se tivesse grana nos anos 1980 trocaria um Opala por um Monza sem maiores dificuldades: projeto muito mais moderno, eficiente, arejado (em todos os sentidos) e muito mais racional ter um Classic álcool do que sustentar uma Caravan Diplomata com apenas duas portas e um 250-S pouco comedido em consumo. Mas como nem tudo segue a régua das finanças, há quem ainda tenha saudades dessas maravilhosas barcas esbanjadoras de energia, talvez pelo saudosismo ou mesmo a série de experiências que um carro grande pode proporcionar. Nada racional, mas ainda assim um bocado divertido.
Grato pelos comentários, sempre muito enriquecedores!