sábado, 21 de maio de 2022

Comparativo: Chevrolet Caravan 151-S álcool e gasolina (1978)

Desenvolver tecnologia demanda tempo, exige pesquisas e requerer dinheiro. Imagine, então, como é na indústria automotiva, ai sim as cifras se multiplicam quase em progressão geométrica. Também pudera, em um ramo tão competitivo, é preciso oferecer produtos bons e um fracasso, mesmo dos menores, custa uma fábula... E não há exagero, basta a gente lembrar da Edsel, divisão americana da Ford que virou sinônimo de fiasco. Até hoje.

Por isso não há exagero quando afirmo que o desenvolvimento da tecnologia necessária ao uso do álcool hidratado (aqui não falamos etanol) custou muita pesquisa e dinheiro, pois tempo, ah, isso era escasso: naqueles tempos de crise do petróleo, a alternativa vegetal ao combustível fóssil era questão de honra para as fabricantes nacionais. Ganhar essa corrida, então, era assunto nos setores de engenharia de todas as montadoras.

Na Chevrolet do Brasil, evidentemente, a corrida não foi diferente. E já em 1978 poderíamos perceber resultados bastante consistentes no emprego do álcool nos motores da fábrica, tal como o clássico e altamente durável (ainda que um tanto quanto trepidante) motor 151-S, tal como o protótipo avaliado pelo grande Paulo Celso Facin - PCF para os íntimos da Motor-3 - para a edição n. 168 da Auto Esporte, publicada no já distante outubro de 1978:





Notem que o protótipo - a Caravan vermelha - dispunha de soluções não incorporadas em série e desde logo apresentou números bastante promissores em desempenho e consumo, itens cruciais para o sucesso do álcool. Há quem prefira a gasolina e outros o combustível vegetal, mas há um ponto em que todos devemos convergir: desenvolver um automóvel não é moleza, nem rápido e nem barato!

sábado, 7 de maio de 2022

Comparativo: Passat TS e Corcel II GT (1981)

Quando pensamos num Corcel II, a imagem que se forma é a de um carro honesto, acabamento muito bem executado (com especial ênfase à versão LDO, com vários quilos de material antirruído a garantir um isolamento acústico muito bom), durabilidade acima da média (é o carro do trabalhador brasileiro!) e um desempenho pacato, até discreto. A suspensão é um bocado macia e nas curvas ele aderna com gosto (e isso não faz dele pouco instável, é questão de costume), então a gente não diria que um Corcel é exatamente um carro vocacionado para andar mais forte.

De outro modo, quando se fala do Passat, usualmente se chega à imagem de um carro de ótima estabilidade, mecânica avançada pra época (e com doenças infantis superadas durante os anos de fabricação e desenvolvimento, como aquela que acometeu os trambuladores das primeiras unidades, eram nada precisos) e com um desempenho dinâmico bem convincente bancado por um consumo nada exagerado.

São veículos de personalidade diferente, certo? Não muito: chega a ser surpreendente o resultado da comparação das versões esportivas do Passat e do Corcel, porquanto o TS e o GT não estão lá tão distantes assim, como podemos perceber do comparativo feito pelo pessoal da Auto Esporte para a edição n. 199 (de 1981) da Auto Esporte, cuja íntegra temos o prazer de compartilhar:





Para o meu gosto pessoal, o Passat TS é o meu preferido (prefiro o acerto mais firme de suspensão e o discretíssimo charme esportivo da versão em termos de visual), mas chega a ser desconcertante perceber que o Corcel II GT, apesar da fama de ser um carro meio soneca, não estar tão longe assim do Volkswagen numa prova de desempenho. E fica a reflexão: nem todos os estereótipos do mundo automotivo são verdadeiros. Ao menos não no caso entre o Passat TS e o Corcel II 1981/1982...