sábado, 28 de janeiro de 2023

Avaliação da Semana: Ford Pampa L (1982)

Ao preparar esta postagem, percebi que há algum tempo não trazia uma reportagem da Motor-3; como sou um inveterado entusiasta, sinto-me um pouco aborrecido se não ler, mesmo que de vez em quando, algo da nossa querida revista, e penso que alguns de vocês que procuram este espaço devem pensar da mesma forma. Ou talvez sejam pessoas mais saudáveis do que eu... Bem, na dúvida, aproveito a boa oportunidade para lembrar da nossa querida M-3 e da Pampa.

Com certo atraso, é verdade, a Ford trouxe a picape pequena ao mercado nacional, antes dominado de modo solitário pela Fiorino; naquele mesmo ano de 1982 a Saveiro também nasceria, mas quem esperou pela resposta da Ford à Fiat, bem, não se decepcionou: a Pampa era (ainda é) valente, bom acabamento, mecânica simplificada e vendeu muito bem até ser substituída pela Courier na década seguinte. Teve até mesmo a improvável versão com tração também no eixo traseiro (sim, a Pampa 4x4, não exatamente bem sucedida e de boa fama), alternativa corajosa e que nos mostra a ousadia que a Ford tinha antes e que hoje não mais temos...

Mas, voltando ao ano de 1982, mais precisamente ao mês de maio, o pessoal da Motor-3 (José Luiz Vieira, Paulo Celso Facin e Celso Lamas) analisaram não só a então nova picape, mas também a interessante e muito incrementada versão da Souza Ramos e que poderia ser sua por alguns bons cruzeiros. Uma verdadeira curtição pra assustar muito Passat em curvas:









De minha parte, andei apenas uma vez em uma Pampa, era uma L prata metálica do começo dos anos 90 e que servia a um vizinho meu que trabalhava como técnico de refrigeração; moleque pentelho, pedi uma carona para ele enquanto levava de volta a nossa geladeira recém reformada e gostei da Pampa, bastante macia, robusta e bem interessante com seu banco inteiriço sem encosto de cabeça e o quarto pedal aos pés do motorista, necessário para manejar o freio de estacionamento. 

Outro vizinho, anos depois, trabalhava no ramo de gases para soldas e outras aplicações e não raro carregava uma quantidade impressionante de cilindros na caçamba das duas Pampas que ele tinha. A frente apontava para Lua enquanto a traseira permanecia rente à terra, mas não desistiam da luta...

sábado, 21 de janeiro de 2023

Catálogo da semana: Volkswagen Variant II (1977)

Desde que me entendo por gente presto atenção aos automotores em geral; num dia da minha infância, época na qual atravessava alguns quarteirões para ir ao colégio, fiquei intrigado com aquela Brasília incomum parada na garagem de um estofador local. Bege como maior parte dos carros daquela época - tonalidade pela qual tenho grande antipatia, mas sem motivo -, essa Brasília comprida e mais esguia estava ali para algum reparo. Fiquei curioso e uma espiada meio de longe não trouxe pistas mais concretas...

Na volta do colégio, como se poderia imaginar, voltei pela mesma rua e agora o estranho Volkswagen agora estava de costas para a rua; na tampa traseira o logotipo "Variant II" matou a charada: então era aquela a tal da Variant mais moderna, o Brasilhão que alguém me falara um dia... Isso deve ter acontecido em 2002, no máximo, e já pode ser uma ideia do quão pouco vendeu a Variant II em comparação aos outros veículos da mesma categoria e da fabricante. Bons predicados não faltavam, como podemos ver do catálogo de lançamento, gentilmente digitalizado pela Anfavea, a quem sempre agradecemos pela ótima iniciativa de divulgá-lo:





















Predicados, como vimos, não faltaram à evolução da Variant, até mesmo uma ótima suspensão dianteira e um interior bastante moderno; talvez o insucesso foi o preço junto ao da Brasília e o fato de ela não ter sido ousada naquilo que mais precisaria ser: uma mecânica nova e mais arejada. A Parati veio depois e trouxe a modernidade; todavia, aos que gostam da mecânica mais tradicionais (e que tem vantagens, é certo), tem na Variant II uma ótima opção. E que não custa caro, talvez a fração do que uma Kombi tem custado aos entusiastas...

sábado, 14 de janeiro de 2023

Catálogo da Semana: Mercedes-Benz L/LK/LS-1113 (1971)

Mercedes-Benz L-1113. Não preciso dizer muito mais do que isso para descrever este cargueiro. Não era o mais moderno, não tinha a potência dos Scania-Vabis ou a redução que usualmente equipava os FNM, mas nada disso importa. Até hoje é sinônimo de caminhão médio, valente e que roda a fio por anos e pelas estradas a garantir o transporte de variadas cargas e a sustentar muitas famílias. Pra mim, guardadas as devidas proporções, o DC-3 representa à indústria da aviação o mesmo que o 1113 para nós significa, nem vou gastar muitas palavras para descrever o clássico onze-treze.

Faço melhor proveito ao apresentar a vocês este interessante catálogo em côres impresso pela Mercedes-Benz em 1971 (notem o padrão gramatical adotado sòmente até aquêle ano) com todo capricho e que foi gentilmente digitalizado pela Anfavea, a quem renovamos o agradecimento por divulgá-lo:












Mas ao final da postagem me dá certo remorso por não ter escrito muito. Não que eu dia lá alguma coisa que se aproveite; entretanto, penso que é legal traduzir a vocês o que significa a sopa de letras que compõem os nomes dos antigos caminhões desta geração: L - Lastwagen (caminhão, em alemão); S- Sattelschlepper (cavalo-mecânico, em tradução aproximada do alemão); A - Allradantrieb (tração em todas as rodas, em alemão) e K - Kipper (basculante, em alemão). Quanto aos números, os primeiros indicam o PBT (peso bruto total) que o veículo suporta e os dois últimos a potência aproximada.

Vejamos: LAK-1113 (caminhão basculante com tração integral, com onze toneladas de peso bruto total e potência de 130 cv), LS-1313 (caminhão do tipo cavalo-mecânico com treze toneladas de peso bruto total e potência de 130cv) e por ai vai... Ou você achava que a sopa de letrinhas não tinha sentido?

sábado, 7 de janeiro de 2023

Catálogo da Semana: Volkswagen Kombi (1964)

Estive aqui a ler as últimas postagens e vi que peguei um pouco pesado com a Kombi. Mas não é por mal: o carro é ótimo, utilitário válido e muito engenhoso; porém, com o inexorável correr dos anos, a perua perdeu a sua modernidade e outras soluções apareceram, mais rentes com as preocupações de consumo, segurança e tecnologia. Como disse anteriormente, a Fiorino trouxe um conceito acertadíssimo e provou que seria possível ser útil gastando menos do que a Kombi.

Apesar das necessárias restrições quanto à idade do projeto - e elas se revelam na segurança e no consumo pouco contido de combustível -, seria uma enorme injustiça negar que a Kombi foi um dos melhores veículos utilitários de todos os tempos. Para além da confiabilidade que a Volkswagen habilmente construiu por meio de sólida propaganda, qualidade construtiva e alta capilaridade na distribuição de peças e concessionários, a Kombi poderia ter muitos usos para muitas outras atividades. Que o diga o folheto que a fábrica divulgou no ano de 1964, gentilmente digitalizado pela Anfavea e cuja íntegra segue abaixo:











Seria ingenuidade usar a Kombi como carro de transporte de valores (seria facilmente arrombada pelos gatunos atuais) e eu nunca a vi a apoiar a operação dos bombeiros (não farei a piada do incêndio) ou no auxílio da extração de leite; mas as possibilidades são as mais variadas e basicamente se limitam à imaginação. E na minha curta experiência guiando uma dessas, chega a ser divertido ter uma Kombi para dar umas voltas e até mesmo defender o pão de cada dia...