sexta-feira, 26 de junho de 2020

Catálogo da Semana: Vectra CD (1994)

Lançado em 1993 (mas já como modelo 1994), o Vectra teve a missão de aposentar o Monza e trazia consigo um arsenal de novidades para a dura tarefa. Disponível em três versões (GLS, CD e GSi), o modelo - que anos antes debutou na Europa como nova geração do Ascona (o Monza de lá) - poderia vir com muitos opcionais tecnológicos e sofisticados, como alarme anti-furto ultrassônico (não mais magnético, que até uma criança com um imã poderia burlar), barras de proteção laterais, computador de bordo, transmissão automática com quatro velocidades e rodas de liga leve bem modernas.

Mas para mim, enquanto moleque, o desenho muito aerodinâmico que fazia do Vectra um mini Omega, chamava a minha atenção. Também pudera, com o coeficiente de penetração de apenas 0,29, só perdia para o Calibra com o seu Cx de apenas 0,26, números surpreendentes para época. Rapidamente se notava que a modernidade aliada ao requinte era o forte do carro, conforme vemos neste catálogo, localizado no buscador de imagens do Google:

O Monza Classic SE foi descontinuado em benefício da nova linha Vectra e as versões SL e SL/E foram reposicionadas nos níveis de acabamento GL e GLS.
Se as imagens são suas, avise-me para eu poder dar os devidos créditos, ok
Apesar de todos os predicados, o Vectra esbarrou em um detalhe crucial: o preço. Conforme a revista Carro (ed. 1, de novembro de 1993), sem inclusão de opcionais, Monza GLS 4 portas a gasolina custava US$ 20.636,00, ao passo que o Vectra GLS saia por US$ 27.124,00; o Vectra CD US$ 32.309,00 e o esportivo Vectra GSi era seu por US$ 34.652,00. Isso explica a sobrevida do Monza, até pelo custo-benefício altamente vantajoso se comparado à novidade.

Mas, se você quisesse um carro maior, o Vectra poderia dar lugar a um modelo da linha Ômega, por sinal bastante atraente na época. Igualmente sem opcionais, o Omega GL gasolina custava US$ 25.658,00 e o GLS US$ 28.814,00. O modelo CD, topo de linha, poder ser seu por estratosféricos US$ 43.615,00, valor compatível com vários importados da época.

Bom, talvez o preço explique o motivo pelo qual o Monza foi bem de vendas até março/1996, pois o Vectra, apesar de ser um carro dos mais interessantes, só se firmou no mercado com o lançamento da segunda geração, a qual, em outubro/1996, foi reponsável pela aposentadoria do vitorioso veterano.

domingo, 21 de junho de 2020

Propaganda da Semana: Mercedes-Benz L-1111 (1968)

Já falamos aqui de caminhões Mercedes, do quanto eu ficava curioso em saber se realmente eles eram a maioria nas estradas e se vendiam muito. Sim, na infância a fábrica da estrela de três pontas vendeu muito e praticamente controlava o mercado de caminhões médios e pequenos. Hegemonia inquestionável, sustentada por muitos sucessos, como a família 1111, lançada em 1964, à exemplo deste simpático L-1111 que aparece no anúncio abaixo, de 1968 e que faz parte do nosso modesto acervo:



O cargueiro era impulsionado pelo consagrado motor diesel OM-321, seis cilindros que geravam 121 cv de potência, na época era até suficiente para uma utilização padrão, apesar de parecer muito pouco para o século XXI. Produzido até 1970, quando deu lugar ao icônico L-1113, o L-1111 fez história. Não é tão incomum achar um onze-onze rodando por ai: basta prestar atenção às estradas, como fazia quando era criança!

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Omega: o lançamento (1992)

Não lembro como foi - até porque mal tinha completado meu primeiro ano -, mas sempre soube que o lançamento do Omega foi algo muito marcante. Aqueles eventos que chamam a atenção pra valer. E de fato foi, meus amigos e amigas!

Primeiro, pela apresentação do carro que concedeu a justa aposentadoria ao Opala, carro que, apesar de muitas virtudes, já estava bastante cansado e não seria um bom concorrente para os importados que começavam a chegar aos montes depois da reabertura do mercado às importações, lá em 1990. Apesar de resistente e com público cativo, era natural imaginar que o ciclo dele caminhava lentamente para o fim - como o do Chevette, que desapareceu em 1993 para dar lugar ao Corsa.

Segundo, pelo nível de tecnologia embarcada em um veículo nacional, à começar pela injeção eletrônica disponível em todos os modelos da linha e que, salvo engano, foi o primeiro produzido no Brasil cuja linha era toda injetada. E, em terceiro, era um carro muito classudo, largamente utilizado como veículo de frota (inclusive governamental) e de representação. Um carrão!

Sim, o Opala teve um substituto a altura de sua carreira, mas, infelizmente, o Omega vendeu apenas 93.282 unidades, não teve o mesmo sucesso, quase um décimo da produção total do Opala. Mesmo assim, era um carro fantástico, moderníssimo e perfeitamente utilizável até hoje. E sem fazer feio.

E por não me recordar do lançamento do grande sedã da Chevrolet, recorri a esta revista Panorama de agosto/1992- publicação da General Motors do Brasil e distribuída aos funcionários e à imprensa - totalmente dedicada ao lançamento. Nas próximas páginas nós podemos perceber o tamanho do orgulho da fabricante com o resultado final do seu produto.






Notem o perfil de clientes que o Omega pretendia alcançar
Primeira vez que vi esse painel digital fiquei surpreso! Era muita tecnologia para um menino sem computador!

Não ria: disc-laser e painel digital - até mesmo no toca-fita - eram coisas moderníssimas naquele 1992.

Não se engane: esse motor 3,0 não era moderno e nem muito bom de torque. Mas em 1994 apareceu o 4,1 - o mesmo do Opala, mas repaginado pela Lotus - e que deixou o Omega ainda mais interessante por conta da maior força.
 




Curioso é que o Monza nunca teve catalisador: saiu de linha em 1996, um ano antes de as regras antipoluição ficarem mais rígidas.



O aplicativo do Sinesp aponta que o Kadett que aparece ao lado do Omega ainda existe e está emplacado na cidade de Foz do Iguaçu/PR. Certamente fazia parte da frota da Chevrolet e depois foi vendido como veículo comum. Sorte de quem o comprou!
 

Note o Omega com calotas: o modelo GLS até o ar-condicionado era opcional, então as calotas eram item standard dele (o modelo GL, nascido em 1994, usava uma peça quase igual, só mudava o logotipo, que era injetado na peça ao invés de resinado e aplicado sobre o plástico).
 





A publicação, cuja íntegra você vê aqui, é um pequeno demonstrativo do frisson causado pela chegada do novo Chevrolet. De fato, a fábrica vivia seus melhores e mais prósperos tempos (em todos os sentidos) e toda a linha era muito interessante. O passado não volta, mas cá estamos para lembrar de uma época muito interessante do mundo automotivo, à exemplo do Omega, talvez o melhor automóvel já fabricado no Brasil. Duvida? Pergunte a quem tem um!

sábado, 13 de junho de 2020

O voo mais puro (Motor-3, julho de 1982)

Fernando de Almeida foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso da Motor-3. Infelizmente não está entre nós, mas o legado dele continua nas muitas reportagens que ele fez para a nossa sempre comentada Motor-3, além de outros tantos periódicos, como a Flap Internacional, revista excelente para quem se interessa pelo mundo das aeronaves.
 
Sim, porque aqui a gente não fala apenas de automóveis, porque os aviões também me encantam desde a primeira infância, quando, do quintal de casa, observava os jatos da Rio Sul, Varig, Tam e Transbrasil passarem por sobre o meu bairro. Bastava ouvir um troar diferente que eu já corria e olhava para os céus: foi assim que vi pela primeira vez o lindíssimo Boeing 707-345C-H, o avião presidencial de nosso Brasil (o FAB 2401), comprado usado pela Varig e que em 1986 passou a voar a serviço da chefia do poder executivo nacional. O urro dos quatro reatores jamais saiu da minha memória...
 
Mas hoje vamos falar de voos muito mais silenciosos: vamos juntos sentir como é um voo planado, sensação que ainda não tive (e bem queria ter!), como os que o nosso querido FA experimentou, em matéria veiculada na edição n. 25 da Motor-3, de julho de 1982, cuja íntegra disponibilizamos abaixo:


 
 






Imagino que voar em um planador deve ser o mais perto do que se pode chegar - por enquanto - ao natural voo das aves. Como podem ver os leitores e as leitoras, o sonho de Ícaro ainda empolga as pessoas, inclusive este que vos escreve...