segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Catálogo da Semana: Linha Utilitários Chevrolet (1973)

Um dos sites mais legais que já visitei é o "Caminhão Antigo Brasil", que, infelizmente, ao menos por enquanto, está fora do ar. Lá encontrei uma série imensa de informações técnicas sobre caminhões, picapes e até mesmo tratores que foram vendidos nesse Brasil a fora, materiais únicos a respeito dos veículos que ajudaram (e ainda ajudam, é claro) a construir esse enorme país.

Eu mesmo tive a oportunidade de mandar uma pequena contribuição para o acervo deles, uma reportagem da Motor-3 sobre o fabuloso caminhão GMC 760 (fabricado em 1952), tanto que estou  torcendo para que em breve o site volte ao normal.
Dentre tantos materiais preciosos, peço licença pro pessoal do "Caminhão Antigo Brasil" para trazer aqui para compartilhar estes folhetos com  as informações técnicas dos caminhões movidos a gasolina pela Chevrolet para o ano de 1973:

Notem a opção de o chassi ser fornecido apenas com o curvão (sem a cabina fechada), apto para receber carrocerias de ônibus, por exemplo).
Na época a Chevrolet já vendia caminhões com motores diesel, é bom lembrar.
Até hoje eu fico impressionado ao saber que, exceto a Mercedes e a Scania-Vabis, as pioneiras na fabricação de caminhões no Brasil equipavam seus utilitários com motores a gasolina. Hoje isto seria completamente antieconômico, impossível sustentar o consumo de gasolina de um caminhão, mesmo que rode muito e que o bicho tenha um bom desempenho e baixo ruído.

É que antigamente (até 1973, pra ser exato), a gasolina era farta e barata (um amigo mais empolgado me avisa que eram os tempos em que se amarrava cachorro com linguiça), motivo pelo qual todos os caminhões GM de então eram empurrados por um empolgante seis cilindros, basicamente o mesmo que movia as picapes, a Veraneio e o Uirapuru, interessante esportivo nacional.

Os caminhões da Chevrolet eram interessantes; os motores a gasolina, apesar de não durarem tanto quanto os do ciclo diesel, tinham uma manutenção simplificada e rápida; mas, com o aumento do custo da gasosa, os motores diesel se tornaram extremamente populares. Hoje é relativamente comum ver um C-60 com mecânica Mercedes-Benz adaptada, rodando forte para pagar o (caro) óleo diesel de cada dia.

A depender da necessidade, a Chevrolet, com a parceria da Engesa, oferecia uma solução adequada.


A longa e produtiva parceria da Chevrolet com a Engesa nos rendeu alguns modelos interessantes, como estes caminhões) com tração nas quatro (e seis) rodas. Eram basicamente opções especiais oferecidas para consumidores muito específicos, tanto que são raras de se ver hoje. Diria que quase todas foram destinadas às Forças Armadas e aos que precisavam (muito) enfrentar terrenos terríveis, como na operação de extração de madeira ou mineração.
Claro, hoje temos refinados motores a diesel, potentes confiáveis e ecologicamente corretos, mas dá uma saudade do tempo em que a gasosa era tão barata que até pedras eram transportadas por caminhões a gasolina...

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Propaganda da Semana: Ford-1000 (1979)

Tenho muita simpatia por utilitários, especialmente pelas picapes da linha Ford e Chevrolet. Não tem bem uma razão específica (fosse por gostar mais de uma marca, talvez tivesse de incluir na minha lista a Dodge D-100), mas, provavelmente, foi por ter visto muitas dessas picapes na infância, carregando muitos quilos nas costas ou mesmo transformadas em exóticas cabines-duplas, com desenho bem ao gosto dos anos de 1980-1990.
 
A Ford F-1000 é uma das que mais gosto, e ela tem uma história bem longa, pois a picapona já nasceu diretamente da já clássica F-100, mais precisamente no ano de 1979, ano deste catálogo digitalizado gentilmente pelo usuário Michel, do Flickr:
 
O motor a diesel tornava a picape altamente vocacionada ao trabalho duro.

O motor era moderno pra época; o interior era idêntico ao da F-100.
 
É que no final da década de 1970 as coisas não andavam fáceis para quem precisava da gasolina para se movimentar e transportar suas cargas/mercadorias. A crise do petróleo jogou o preço da gasosa lá nas alturas e o álcool demorou a se tornar uma realidade (e um pouco mais para se tornar uma alternativa viável e confiável),  por isso que, logo em 1975, já 1976, a F-100 passou a contar com um novo motor de quatro cilindros, mais econômico.
 
É que o possante motor V-8 até então empregado não era opção mais econômica para aqueles tempos; então, o jeito foi instalar o motor 2,3OHC, na época um coração muito moderno que já equipava o Maverick, mas que não parecia ser muito suficiente para as operações mais severas da picape, deixando a desejar no quesito força bruta.
 
Mas, para resolver este problema de força de forma definitiva, a solução da Ford foi providenciar um motor MWM (o D-229-4, de 83cv e 25,3 kgf/m de torque), a diesel, para empurrar a sólida picape, que, com o aumento da carga líquida transportável (quase dobrou em relação à F-100), mereceu até um novo nome: F-1000 (de 1000kg de capacidade de carga além do peso).
 
Nem preciso dizer que a F-1000 vendeu muito, fez um enorme sucesso e durou até 1999 quando foi substituída pela parruda F-250. Mas deixou saudade em muita gente, inclusive neste que aqui escreve, fã de carteirinha destas picapes diesel...

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Chevette SL 1988 (Parte 2)

Dia desses eu comentei com vocês da minha lista de afazeres mais urgentes para tornar o Chevette mais fácil (e divertido) de guiar; quase todos os itens, senão todos, são relacionados à mecânica. Aos poucos as coisas vão acontecendo e a lista vai se completando, conforme o tempo e a grana (fatores essenciais, especialmente a grana) me permitem.
 
Enquanto o carro não vai pra oficina, continuo passeando com o Chevette: afinal de contas, carro é pra andar, não pra ficar parado! Carro parado fica com o pneu achatado e fica sem vida, só pingando óleo na garagem (sim, o Chevette ainda vaza óleo, para o meu desespero de ter de limpar a garagem do prédio assim que possível).
 
Numa dessas andanças, aproveitei para fazer a transferência dos documentos. E no dia em que saí fazer a vistoria para a transferência (aqui em Santa Catarina temos empresas privadas, conveniadas ao Detran, que inspecionam os veículos), reparei que uma das lâmpadas da lanterna traseira direita estava queimada (justamente a do breque) e, por isso, fui até uma autopeças local para pegar uma nova lâmpada.
 
Ao esticar os olhos nas prateleiras, notei que eles tinham a gravatinha da Chevrolet, aquele logotipo bonito e simpático que enfeita a grade dos Chevettes de 1988 (Opalas e Monzas também, é claro). Não deixei passar a oportunidade em branco.
 
Claro, é uma peça paralela, que me custou R$ 15,00, valor justo pelo custo-benefício. Logotipo, na minha forma de encarar as coisas, é apenas um enfeite e não vejo, por enquanto, a necessidade de gastar uma fortuna para instalar um original da época (tanto mais porque a grade dianteira é daquelas paralelas, mesmo).
 
Usei o pedaço de fita dupla-face que já veio na gravatinha para grudá-la no local em que achei mais adequado (não tenho lá muito perfeccionismo no meu senso estético) e zás, o carro ficou mais bonito, como vocês podem verificar:
 
O antes e o depois: o logotipo, mesmo baratinho e grudado com fita dupla face, deixa o carro mais bonito!
Sim, ainda tem muita coisa pra fazer, como vocês podem notar, por exemplo, nas lentes plásticas dos faróis, já derretidas pelo uso constante. Quando puder, vou logo providenciar um jogo de novos faróis (com lentes de vidro) e lanternas; e, quando isso rolar, aproveitarei a oportunidade pra dar uma alinhada nesse para-choques, que me parece estar meio torto. Pensando bem, não parece: está torto.
 
Enquanto o dia de cuidar da dianteira não chega, aproveitei outro achado para acrescentar mais um detalhe no Chevette: colei ótimas réplicas dos selinhos do para-brisa, aqueles que a fábrica usa para demonstrar que o veículo passou por todas as etapas do controle de qualidade. Achei-os no Mercado Livre, são fiéis reproduções da época, e não demorou para que eles viessem pelos Correios.
 
Se você é um cara mega-hiper-ultra atento, vai observar que os selos originais têm letras vazadas na fábrica, como um carimbo em alto relevo com as iniciais do funcionário que fez a inspeção de qualidade. Mas, como não sou tão atento, pra mim os selos estão ótimos e são bem legais!
Achei uma foto de um Chevette 1988 ainda com os selos originais em ordem e grudei as réplicas no para-brisa na ordem que me pareceu ser a correta. Isso não faz com que o ande mais ou gaste menos combustível, mas, sei lá, eu sempre presto atenção nestes selos e sempre quis que o meu carro antigo os tivesse, até porque o tão falado Chevette DL 1992 do meu avô não tinha.
 
São dois detalhes estéticos, eu sei, mas que deixam o carro um pouco mais original e mais interessante. Mas na próxima conversa o papo vai melhorar, vou partir para o que interessa: a parte mecânica! Até lá!

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Manual do Proprietário: Chevette 1973

Meu Chevette 1988, como quase todos os carros mais veteranos, veio sem manual do proprietário; mas eu, que sou um cara meio chato, talvez perfeccionista, e logo senti falta do bendito livreto. É que sem o livretinho, que mora (ou deveria morar) dentro do porta-luvas é super importante, talvez essencial para conhecer a fundo o veículo que manejamos.
 
Procurei no Mercado Livre e os preços não estava convidativos; além disso, nas buscas não achei o modelo correspondente ao ano de 1988. O manual que era o do Chevette do meu avô era do ano de 1992, que, apesar de quebrar o galho, não era o que eu precisava.
 
Aí eu resolvi escrever para a Chevrolet; mandei um e-mail e o pessoal da fábrica mais do que depressa me mandou uma cópia do livreto em pdf, imaginem a minha felicidade! E com uma certa cara de pau, mas sempre pensando em vocês, tornei a escrever para a fabricante, pedindo a enorme gentileza de compartilhar os manuais que eles eventualmente teriam em acervo.
 
E não é que eles me mandaram vários manuais! Sim, meus amigos, a Chevrolet foi super simpática e prestativa, uma boa surpresa num pais em que a história é, quase sempre, esquecida, até negada. Com a autorização deles, começo, a partir de hoje, a compartilhar os preciosos manuais, em formato jpeg, para facilitar a publicação neste espaço.
 
Hoje trago o de 1973, o primeiro manual da primeira série do simpático sedã da Chevrolet. Notem as particularidades daquele ano, a enorme (e delgada) entrada da admissão do filtro de ar do motor; da ausência, como item de série, do pisca-alerta, e das curiosas informações para os postos de gasolina, inclusive revelando o pequeno segredo do Chevy: o bocal do tanque de gasolina fica escondido na portinhola da coluna "c", do lado direito...
 
Enfim, sem mais delongas, apresento o manual COMPLETO, inclusive com os cupões da garantia da fábrica, que eram destacados e entregues ao concessionários. Divirtam-se!
 
 
 















































































 
 
 
Duas coisas precisam ser ditas ao fim desta postagem. A primeira delas é um grande agradecimento à General Motors do Brasil pela gentileza e preocupação de compartilhar estes manuais tão preciosos (e inéditos na internet) com os proprietários e fãs desse interessante modelo; a segunda menção que faço é um pedido: compartilhe o manual, mas não cobre por isso. Lembre-se que a fábrica o disponibilizou gratuitamente, como também faço, e a ideia deste espaço não é ganhar dinheiro com os materiais, mas fazer amigos e espalhar informações corretas e precisas.
 
E, por fim, uma promessa: logo trarei mais manuais pra gente ler e se divertir, aguardem!