O Omega não foi só um carro grande. Não, não mesmo... Por mais que o Opala mereça a admiração deste espaço - e os fabricados entre 1975-1990 são meus favoritos -, não posso negar que Omega trouxe um ar muito salutar de tecnologia e inovação para a Chevrolet do Brasil. Basta lembrar do fato, muito alardeado na época, de a produção da novidade ter de respeitar tolerâncias muito mais exatas do que as do veterano: se antes umas marretadas certeiras poderiam endireitar uma coluna para deixar o suporte da dobradiça no ângulo correto, a carroçaria do Omega dispensava esses ajustes mais manuais...
Sabemos também que o Omega não era o carro mais moderno produzido pela Chevrolet no mundo - até porque ele não era novidade na Europa desde a década anterior -; todavia, o carrão estava em dia com as preocupações da época, como a aerodinâmica (com o Cx muito baixo, até para hoje) e a inserção da mais eletrônica a bordo. Sim, o grande sedã poderia enfrentar os importados sem nenhum vexame. Duvida? Ande em um e depois me conte...
Lançado em 1992, o Omega nasceu em duas versões, cada qual com um propulsor: a CD, topo de linha, dispunha de um seis cilindros em linha de 2.968 cm³ de cilindrada, 165 cv de potência a 5.800 rpm e torque de 23,4 mkgf a 4.200 giros; a GLS, de entrada, contava com o mesmo motor usado pela linha Monza, o conhecido engenho de quatro cilindros em linha e 1.998 cm³, mas, por estar equipado com injeção eletrônica multiponto (um injetor para cada êmbolo), rendia 116cv a 5.200 giros e torque de 17,3 mkgf a 2.800 rpm.
Não são números ruins, mas, em ambos, ficava a impressão de que o conjunto merecia um pouco mais de embalo, sobretudo o GLS. A excelente aerodinâmica permitia ao sedã mais básico alcançar máximas superiores a 175 km/h (isso nos testes da Quatro Rodas, com sua pista curtíssima), mesmo assim ele merecia mais força, para deixar para trás aquela impressão inicial de um carro meio soneca.
O desenvolvimento dos propulsor 4100 do Opala mais modernizado - e do quatro cilindros 2,2 mais afinado - demoraria um pouco mais de tempo, mas ainda havia uma opção mais imediata para a Chevrolet: fazer o GLS queimar álcool e com isso ganhar mais potência, torque e vivacidade. Não foi lá uma alternativa muito popular no mercado, mas fato é que o Omega GLS de 1993 foi pioneiro, pois foi o primeiro carro movido à álcool com injeção eletrônica multiponto, moderna e muito eficiente, cujo resultado foi assim apurado pelo pessoal da Quatro Rodas, publicado na edição n. 395 (julho de 1993):
Conforme já disse em prosas anteriores, o desenvolvimento do álcool não foi rápido, nem barato e tampouco fácil. Foi um longo caminho da pioneira Caravan até chegar ao Omega com injeção multiponto e outras amenidades, cujo trajeto não terminou até hoje e nem vai terminar tão cedo. Por isso, quando for abastecer seu carro - e aqui não importa o combustível -, lembre-se do enorme caminho de desenvolvimento para a gente chegar no estágio atual... e a curiosidade de imaginar quais serão as maravilhas que o futuro nos reserva!