segunda-feira, 30 de agosto de 2021

O interessante - e único - FNM Fúria (1972)

Se você, assim como eu, é leitor assíduo das edições mais antigas da revista Quatro Rodas, possivelmente já deve ter lido a breve avaliação feita por Emílio Camanzi - e visto as fotos de Georges Tresca e Geraldo Guimarães - do interessante Fúria, até então um promissor protótipo de um novo automóvel esporte, feito pelo hábil Toni Bianco por encomenda da Fábrica Nacional de Veículos, mais conhecida como Fenemê:



A avaliação acima, publicada na edição n. 136 da Quatro Rodas (novembro de 1971), deixava antever que o Fúria seria um esportivo muito promissor, especialmente se a mecânica do FNM 2150 fosse mais bem afinada (e até mesmo eventualmente envenenada). Seria, então, um tremendo concorrente para o Charger R/T, o Opala SS e até mesmo para o Maverick GT (à época ainda em gestação pela Ford do Brasil) e teria feito sucesso.

Teria, não fosse um problema: a Alfa Romeo, empresa italiana responsável pela administração da FNM, não ficou exatamente empolgada com o projeto e não autorizou a continuação do desenvolvimento (talvez por querer concentrar seus esforços no futuro lançamento do Alfa 2300), de modo que o Fúria se resumiu a uma única unidade, felizmente salva do comum destino dos protótipos: virar sucata.

E o que talvez você ainda não tenha lido ainda, é esta reportagem veiculada na edição n. 5 revista Classic Cars (então distribuída como suplemento da revista Auto e Técnica), no já distante ano de 1998:





Apesar do precoce falecimento de Fábio Steinbruch - que assinou o artigo acima e foi o responsável, dentre tantas outros resgates, do Fúria -, o único exemplar ainda está em sua pleníssima forma, tanto que, volta e meia, é visto em diversos encontros automotivos. Fica, aqui, a lembrança do saudoso colecionador em salvar esse capítulo fascinante da nossa história automotiva.

sábado, 14 de agosto de 2021

E que tal uma Veraneio muito especial? (Motor 3, 1981)

Dentre os carros que mais gostamos, a Chevrolet Veraneio ocupa um lugar de destaque. Apesar do uso como veículo policial em uma época muito dura em nossa história, via mais Veraneio na versão ambulância, com aquela sirene pneumática altamente chamativa, com o motor rugindo baixo enquanto o motorista se esgueirava no trânsito para levar o paciente o mais rápido para o hospital.

Mas por ter nascido no começo da década de 1990, já não via tantas Veraneio pré-1989 no "uso civil": a única que me recordo era a de um sujeito que morava perto da minha casa, motor a diesel, já um pouco enferrujada (e com remendos em massa plástica sem cobertura de tinta) e com as lanternas traseiras adaptadas da D-20, pois o importante era ser funcional e não original. Outros tempos...

Naqueles meus tempos de infância, a febre mesmo era ter uma picape com cabina dupla, daquelas feitas por transformadoras, cheias de acessórios (algumas tinha televisão em cores e frigobar, luxos muito grandes naqueles tempos) e as Veraneio mais antigas com motores do ciclo otto sumiram naquele mesmo período (as que sobreviveram já haviam recebido o diesel, até pelo custo alto para manter um seis cilindros a empurrar várias toneladas). Por isso que nas raras vezes em que via um Veraneio dessas "clássicas", abria o sorriso dos mais largos, como quando fiz ao ler esta reportagem publicada na edição n. 7 (de janeiro de 1981) da nossa querida Motor-3.

Na ocasião, Paulo Celso Facin teve a oportunidade de dar umas voltas numa Veraneio tremendamente especial, e as impressões que ele teve (além de fotos muito belas) a gente digitalizou e trouxe para vocês lerem conosco:






Muito possivelmente esta Veraneio não existe mais, ao menos não na configuração original e exclusiva de fábrica. No mínimo deve ter recebido motor a diesel; entretanto, se tivesse uns trocos (muitos trocos), faria uma réplica desta interessante Vera, com ar-condicionado e este maravilhoso painel do caminhão C-60, pois, muito infelizmente, a fábrica nunca fez uma Veraneio destas tão especial para a venda... 

domingo, 8 de agosto de 2021

Avaliação da Semana: Ford Galaxie "standard" (1970)

Dia desses comentamos a respeito do lançamento do Dodge Dart  e do efeito que ele proporcionou no mercado nacional. Foi um sucesso, posso dizer sem ser muito imparcial (sim, eu sou fã do Dart), e seus predicados o levaram para o desejável prêmio de "Carro do Ano" da revista Auto Esporte, conforme se vê da capa da edição publicada em Março de 1970:

Então, é natural pensar que a concorrência, especialmente a Ford, não assistiria passivamente a concorrente abiscoitar uma importante fatia do mercado de automóveis grandes e logo tratou de atacar o Dart por um de seus predicados: o preço. 

Carro no Brasil sempre foi caro (e antes era mais complicado pela escassa oferta de crédito de então), então o argumento do preço acessível sempre foi muito forte, daí porque a Ford teve a ideia de lançar um Galaxie 500 com o estritamente necessário, cortando todo o supérfluo (sem, contudo, perder as qualidades de conforto de marcha e mecânicas), tudo para se manter na faixa de preço do Dart. O resultado a revista Auto Esporte nos conta, na mesma edição comemorativa ao prêmio concedido ao rival:






O interessante foi que a Chrysler lançou um Dart mais standard ainda, com muito menos supérfluos, grade inteiramente cromada, padrão de estofamento mais singelo e outros detalhes menos requintados. Tudo para ficar menos caro do que o Galaxie standard. Não houve contrapartida da Ford, mas nem era de se esperar: quem comprava carro grande não queria aparecer com um carro básico (e o cachet social?), então ninguém ficará surpreso se eu disser que as versões básicas venderam bem pouco, bem pouco mesmo.

Mas quer saber? Justamente pela raridade, as versões menos caras são extremamente cobiçadas pelos entusiastas e colecionadores de hoje... C'est la vie...