quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Teste Picape A-10 e A-10/1000 (Motor-3)

Até o começo deste ano morei em um prédio onde um dos residentes gostava tanto de carros antigos como eu - e ele tinha uma sensacional C-10 1974, equipada com o vigoroso motor GM 261 com alguma preparação e outras traquitanas interessantes, como a injeção eletrônica programável, suspensão rebaixada, rodas de tala bem larga, embora a estética se mantivesse original. O ronco do confiável seis cilindros ecoava por entre as garagens do prédio, som maravilhoso que às vezes me despertava aos sábados pela manhã.

Antes da caminhoneta o vizinho teve um Dodge Dart caracterizado como Dodge SE 1975 (igualmente preparado e com escapamento liberal, uma delícia de ouvir e de guiar) e eu jamais reclamei de barulho ou de qualquer coisa do gênero. Afinal de contas, um bom ronco pela manhã é algo muito salutar...

Lembrei-me do simpático vizinho ao ler esta edição da Motor-3 (n. 21, março de 1982), na qual, dentre tantas outras coisas interessantes, o Paulo Celso Facin nos presenteia com uma avaliação muito interessante das picapes a álcool (não, não consigo falar etanol) para aquele ano, inclusive o modelo 151, não muito interessante em termos dinâmicos mas até que razoavelmente (apenas razoavelmente) econômico. Tempos duros, aqueles... a D-10, duríssima na queda, custava muito caro e nem sempre era compensador investir nesta versão quando a A-10 (ou a A-10/1000, com 6 cilindros) poderia dar conta do recado.

O Fiat Panda, veículo lançado dois anos antes, era um urbano dos mais interessantes, principalmente na versão 45.






Seria quase um ato de ingenuidade esperar economia de combustível do seizão alcoolizado, e tenho certeza de que a Chevrolet não esperaria muito milagre nisso. Mas, apesar da voracidade do consumo, o custo-benefício era razoável, sobretudo para quem desejava uma picape mais ágil e com boa capacidade de carga (a quatro cilindros, então, era bem mais modesta em suas pretensões, mas não decepcionava muito). Poucas, muito poucas sobraram, mas ficou o teste ai pra gente ler e imaginar como eram os loucos anos 80.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Teste técnico: Dodge Polara (1977)

Um dos carros de que mais gostamos aqui é o Dodge Polara. Para além de ser um Dodge nacional (e eu sou fã dos Dodges nacionais, como vocês já devem ter percebido), o veículo é confortável, bem acabado e com produção muito baixa, predicados que o tornam altamente colecionável.
 
Mas deixarei os elogios para uma outra oportunidade; hoje é dia de ler mais um dos testes técnicos elaborados pela saudosa revista Quatro Rodas Oficina (edição n. 35, de outubro de 1977), ocasião na qual os profissionais da revista testaram de forma mais aprofundada este interessante Polara GL vermelho Veneza (NT-2, se quiserem saber o código da plaqueta) com interior executado na mesma cor. Teria fácil um desses, se pudesse...
 
A revista era muito interessante para os leitores que trabalhavam nas oficinas da época e para aqueles entusiastas do universo da mecânica, como é o meu caso.

Dos 93cv (SAE) gerados pelos quatro cilindros de 1.800 cm³ de cilindrada, apenas 68 deles chegavam às rodas.

O teste de aerodinâmica era bem singelo (bastava colar as fitas para indicar o caminho dos ventos), mas hoje, nem com a tecnologia atual, as avaliações chegam a estes detalhes. Será que o mundo digital nos tornou mais rasos e imediatistas? Fica a reflexão...

Para um veículo da época, o resultado até que foi bem razoável. Mas nem adianta comparar com um Calibra ou outros carros interessantes que cortam o vento como uma espada afiada.

Sim, o Polara usava o interessante carburador SU. E não vão inventar de colocar óleo Singer nele: usem o óleo recomendado pelo motor e sejam muito felizes. E não caia no papo do mecânico sabichão: o SU é um bom carburador, sim senhor!

Não era revolucionário, mas o projeto era interessante e correto para a época. Poderia andar um pouco mais para um carro de 1800 cm³, mas não faz feio.

A transmissão foi alvo de críticas no lançamento; em 1978, já amadurecido, o Polara não aborrecia mais os seus donos.

Se um dia precisar mexer no breque do Polara, o desenho pode ajudar.



Os concorrentes da época eram muito bons, reconheço (Passat, principalmente). Mas o Polara é o meu favorito, não adianta. Cada qual tem seu gosto, né? E qual é o seu?