sábado, 26 de fevereiro de 2022

Avaliação da semana: Fiorino pick-up (1982)

Hoje mesmo conversava com um amigo a respeito de esportivos importados e do quão desejáveis - e desejados - são até para os que não são lá muito ligados no universo automotivo. Imagina que maravilha deve ser guiar uma Ferrari em uma estrada italiana, um Porsche numa impecável pista que compõe o sistema Autobahn e por ai vai...

Mas são experiências - para usar um termo da moda - que estão fora da expressiva maioria dos entusiastas (e me incluo nisso!) e o jeito é buscar alternativas ao nosso alcance, muitas vezes insuspeitas. Digo isso porque, sem querer menosprezar os grandes esportivos (e não vou aqui desdenhar o que não posso comprar), quem tem interesse por automotores pode se divertir imensamente ao guiar um carro que parece ser absolutamente comum, mas proporciona altas doses de diversão.

Quem diria que uma Fiorino seria um desses carros que a gente abre um sorriso ao guiar? Pois foi o que o saudoso JLV fez - e nos contou - ao guiar a picapinha, conforme vemos dessa reportagem publicada na edição n. 14 (agosto/1981):







Antes de ter o meu atual carro, tive um Fiesta sedã 2011, carro muito bom, direção corretíssima (apesar de hidráulica), freios muito eficientes (que me livraram de certos apuros na BR-101), suspensão macia e ergonomia bem agradável; porém, um revés da vida me obrigou a vendê-lo e para não ficar à pé acabei por comprar um Uno Mille Eletronic 1993/1994, muito original e por um preço de primo para primo. 

Sair de um carro com ar-condicionado e outros opcionais foi um tanto quanto chato, mas ao tomar uma curva que fazia maciamente com o Fiesta, o Uno me fez lembrar de sua ótima estabilidade, apesar dos pneus velhos que ele ainda usava. E imediatamente abri um sorriso que fez lembrar a minha meninice, do moleque curioso e detalhista que ficava imaginando fazer curvas quentes para sentir como era guiar um carro no limite, tal como lia nos testes daqueles tempos. E o valente Mille rosso está comigo até hoje, haverá de ficar pela vida a fora, se possível for. 

Não é um Porsche, nem é um Uno 1.6mpi (meu modelo preferido que me encanta desde a infância), mas é tremendamente divertido até mesmo na hora de pagar o IPVA: ano que vem, quando ele completar o 30º aniversário, estarei livre do imposto. E ai que eu vou rir com mais gosto...

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Teste da semana: Puma GTB (1974)

Depois de fruir umas férias rápidas - sem jamais desligar do universo automotivo, que acompanho desde o cada vez mais distante ano de 1991 -, voltei ao espaço habitual e ainda impressionado com um breve encontro que tive com um Puma AMV 4100 1989, encostado em uma oficina conhecida enquanto aguarda uma reforma muito criteriosa.

Já conhecia esse carro de algum tempo, usualmente estacionado na garagem de um condomínio próximo a minha praia predileta, ainda muito íntegro e já não tão vermelho como quando costumava ser quando era novo. Mas um automóvel que, de longe, era promissor. E se tornou ainda mais interessante ao vê-lo de perto.

Infelizmente, porém, meu smartphone resolveu enguiçar e perdi todas as fotos (a autópsia revelou a culpa do cartão de memória, já envelhecido e corrompido sei lá com o que!), mas brevemente pretendo tomar novas fotos do interessante esportivo. O carro é, na essência, um aríete carenado com um possante motor de seis cilindros instalado na ponta, propulsor este capaz de suportar ampla margem de preparação e de tornar o Puma tão fascinante quanto perigoso se tocado no limite por mãos inábeis. E chama mais atenção do que um disco voador enquanto roda nas ruas calmas daquela tranquila praia...

Para não perder a prosa, resolvi, então, rever meus guardados e achei essa avaliação rápida que o pessoal da Auto Esporte fez - e publicou na edição de março/1974 -, cuja íntegra me parece ser inédita até agora:




Quando disse avaliação rápida no parágrafo anterior, não quis dizer que a turma da AE fez algo meio às pressas, displicentemente. Não mesmo, a Auto Esporte sempre foi uma ótima referência; a velocidade aqui era do Puma GTB, que obteve excelentes médias e a um custo de um consumo bastante coerente.

Ok, talvez você seja um(a) leitor(a) que pertença à Geração Z e não se impressione com os números do possante. É um engano querer compará-lo aos veículos modernos (são épocas distintas, tecnologias muito distantes e necessidades outras), mas devo alertar que em 1974 a velocidade de 170km/h estava ao alcance de um punhado de veículos de fabricação nacional. Bem poucos, mesmo.

Mas se você não tem tanta pressa, nem mesmo hoje, fique tranquilo, o GTB também é pra você. Entre no esportivo (um leve contorcionismo é sempre importante), ligue o ar-condicionado na temperatura desejada (frio, muito frio ou câmara frigorífica), coloque uma música tranquila e curta o passeio com esse interessante GTB. Se alguém o chamar para algum desafio numa saída de semáforo, não se abale. 

Ora, os rachas são ilegais, perigosos e rendem pesadas (e muito merecidas) multas. Não se afobe nem sem exaspere: engrene a primeira marcha, calque o acelerador em 3/4 de curso, deixe o Puma embalar até os 40km/h e jogue logo a quarta velocidade, o felino vai ronronando maciamente enquanto você vai aproveitando o melhor da vida...