sábado, 13 de novembro de 2021

Primeiras impressões: Fiat Tempra (Oficina Mecânica, 1991)

É tempo de Tempra, dizia o mote publicitário que a Fiat utilizou para alardear o seu novo lançamento. Sim, o Tempra, primeiro veículo de mais luxo vendido pela fabricante italiana em nossas terras, moderno e funcional sedã médio projetado na medida para concorrer com Monza, Santana e o recém-lançado Versailles, este que, em essência, era uma releitura Ford do sedã médio da Volkswagen.

Com a quantidade relativamente grande de concorrentes, a faixa dos médios era bastante concorrida e a expectativa da Fiat no setor era das maiores, porque o Tempra era um veículo novo de fio-a-pavio (sim, o Kadett, lançado em 1989, era novidade, mas o motor era o mesmo do Monza), uma arrojada cartada da fabricante para aumentar a sua participação no mercado nacional. Afinal de contas, até aquele ano de 1991 o modelo mais luxuoso era o Premio CSL, o qual, apesar de ser interessante e com várias virtudes, não tinha tamanho e motor suficiente para abocanhar vendas do segmento dos sedãs médios.

E as expectativa e a curiosidade do público também não era pequena, e para satisfazer um pouco das dúvidas a novidade, ainda na fase de pré-série, foi avaliada pela revista Oficina Mecânica, em matéria assinada por Josias Silveira e publicada na edição n. 61 da saudosa publicação:







As primeiras versões - Ouro (a mais sofisticada) e a padrão (logo apelidada de Prata) - eram impulsionadas por um motor 2,0l de cilindrada alimentado por carburador. Não eram lá um exemplo de muita performance (embora não decepcionassem, é verdade), mas coisas melhoraram com a versão com propulsor multivalvulas (o Tempra 16v, de 1993) e ficaram ainda mais interessantes com a versão Turbo (1994), e não ficaram ruins com a adoção da injeção monoponto nas versões de entrada. O médio da Fiat saiu de linha em 1998, substituído pelo Marea, mas deixou saudades em muita gente.

De minha parte, tive a oportunidade de guiar por alguns quilômetros um Tempra básico (motor 2,0 e duas válvulas por cilindros) fabricado em 1996 e gostei muito. É um veículo sólido, com potência adequada e bastante conforto, ar-condicionado competente, painel com boa visibilidade e toda vocação para carregar família e bagagem sem maiores apertos. Teria fácil um destes, e se pudesse, compraria um (especialmente o de duas portas, que só se fez no Brasil e vendeu pouco). É um dos carros nacionais que você precisa experimentar, recomendo!

PS: Por uma triste coincidência (pois as postagens deste espaço são escritas e organizadas com antecedência), hoje tivemos a dura notícia de que Josias Silveira, excelente jornalista automotivo, nos deixou na manhã de hoje. Dono de um texto raro, bom humor e embasamento técnico irrepreensível, Josias escreveu por longos anos na Oficina Mecânica e fez parte da leitura obrigatória de muitos entusiastas como eu. Lamentamos, profundamente, a partida de JS para outro plano, e deixamos aos amigos e familiares a nossa sincera e irrestrita solidariedade. E o enorme legado que ele nos deixou será sempre e sempre recordado neste espaço, à exemplo da matéria que publicamos hoje. Obrigado, Josias. Aprendi muito contigo.

3 comentários:

  1. Foi um carro relativamente fácil de ver até pouco tempo atrás, mas já está sumindo do mapa. Por incrível que pareça, tem épocas que eu até vejo mais da Tempra SW importada que do sedan nacional.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Por aqui se dá o inverso, pois a Tempra SW sempre foi meio difícil de ver e estou há tempos sem ver uma; Tempra sedã até aparece bastante nesses sites tipo OLX. O que sumiu mesmo foi o Tempra cupê (especialmente os que não Turbo), esses há muitos anos não vejo pessoalmente...

      Excluir
    2. Essa semana eu vi um Tempra '99, daquela última remodelação. Cupê pelo que eu me lembre a última vez que eu vi um foi em 2018.

      Excluir

Este espaço está sempre disponível para a sua contribuição. Fique a vontade e participe, será um prazer ler - e responder - seu comentário!