sábado, 15 de outubro de 2022

Avaliação da semana: Passat Surf e Corcel II (1979)

Dia desses estava a lembrar que as fabricantes não são exatamente inovadoras na técnica atual de apresentar um automóvel mais básico e recheá-lo de equipamentos e pequenos confortos para aumentar o preço e maximizar o lucro; um exemplo de tal técnica pode ser o Corcel II: lançado no final de 1977, já como modelo 1978, o médio da Ford foi um sucesso imenso e que poderia ser comprado desde o modelo básico até o mais requintado LDO, com a opção da versão L, a que mais costumava ver nas ruas. Isso sem que nos esqueçamos da versão GT, indisponível para a Belina, e que tinha ares esportivos.

A Volkswagen, igualmente, não agiu diferente para o Passat: desde o modelo Surf até o luxuoso LSE - sem esquecer do muito famoso esportivo TS -, a fábrica oferecia uma diversa gama de produtos a partir do mesmo tipo de carroçaria básica, ideia interessante que permitia a um veículo atingir vários públicos, do jovem que pensava no seu primeiro carro até o comprador que gostaria de um veículo de quatro portas e ar-condicionado (uma versão energeticamente mais eficiente que um Opala, por exemplo), todos poderiam ser atingidos com o mesmo projeto básico.

E por falar em básico, o Corcel standard e o Passat Surf eram os níveis de entrada para quem gostaria de ter um carro novo a um custo um pouco menor. Cada qual tinha a sua proposta, evidentemente, mas ambos tinham seus defeitos e virtudes. Ai você me pergunta: qual o melhor? E eu repasso a pergunta para o Paulo Celso Facin (o PCF da Motor-3) que os avaliou para a edição n. 177 (de agosto de 1979) da revista Auto Esporte, matéria esta cuja íntegra vem de nosso arquivo e temos o prazer de apresentar:





Apesar de a linha Corcel me agradar bastante, entre ambos ficaria com o Passat Surf. Além do desempenho mais consistente (e a estabilidade muito ajudada pelos pneus radiais, coisa que o Corcel II básico não tinha, por incrível que possa parecer), a proposta mais despojada do Surf ajudava a aliviar um pouco a pobreza do acabamento, algo que o Ford somente poderia disfarçar com a ajuda de alguns opcionais ou mesmo itens vendidos no mercado pós-venda. 

Mas a Ford foi muito atenta a isso e não demorou a lançar a versão Hobby, já para o ano de 1980: básica, mas com o mesmo jeitão descolado do Surf. E o resto, a gente sabe, é história...


4 comentários:

  1. O Passat realmente acabava sendo bastante abrangente, e conseguia brigar tanto com modelos mais austeros quanto alguns mais prestigiosos. Talvez a Ford tivesse acertado mais se ficasse com os pés no chão e oferecido o Corcel com 4 portas ao invés de comer sardinha e arrotar bacalhau tentando empurrar o Del Rëy como se fosse mais prestigioso. Pode ser que essa abordagem mais honesta no caso do Passat tenha pesado mais favoravelmente para alcançar públicos diferentes sem os compradores de perfil mais exigente acharem que estavam levando gato por lebre.

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    1. O Del Rey foi o filho daqueles tempos duros, mas, sinceramente, melhor a Ford teria feito se tivesse trazido um Sierra ou veículo semelhante, pois, no fundo, era um Corcel II embrulhado para presente. Quem tinha um Landau 1980, por exemplo, dificilmente trocaria o seu grande e potente sedã por um Del Rey ouro, ainda que totalmente equipado. A Ford economizou uma fortuna em desenvolver o Del Rey, mas perdemos a chance de ter um Ford maior para substituir um modelo igualmente grande.

      Já o Passat foi mais honesto, digamos assim; o Santana, esse sim, foi lançado para um mercado mais exigente, até porque o Passat LSE nunca foi vendido como um carro de nível superior ao que ele efetivamente ocuparia.

      Grande abraço e muito grato pelos comentários!

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  2. Excelente artigo digitalizado! Mesmo naquela época já era difícil de engolir um carro com pneus diagonais, bancos de encosto baixo e cintos de segurança pélvicos. A única coisa que me faria optar pelo Corcel II era o motor simples e extremamente robusto, que provavelmente estaria funcionando até os dias de hoje se tivessem trocado o óleo e os filtros nos prazos corretos.

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    1. Concordo plenamente, caro(a)!

      A Ford e a Volks poderiam ter esforçado mais em oferecer o cinto de três pontas retrátil (cinto salva vidas desde a sua invenção!) e os pneus diagonais já eram muito obsoletos. A Volkswagen, inclusive, cogitou seriamente de lançar o Surf com pneus comuns, mas, felizmente, o bom senso prevaleceu e ele nasceu com os modelos diagonais.

      E a sua opção pelo Corcel II é interessante, porque é um motor robusto, manutenção descomplicada (o fato de ele receber camisas e pistões facilita o custo de reforma) e com a manutenção mínima dura uma vida toda. E com pneus radiais, bancos de encosto alto e cintos de três pontas, melhor ainda!

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