sábado, 10 de dezembro de 2022

Catálogo da semana: Linha Fiat Fiorino (1982)

Lançado no primeiro semestre de 1978 -, o Fiat Fiorino foi talvez um dos lançamentos mais inteligentes da Fiat no Brasil em todos os seus muitos anos de história. Exagero meu? Talvez não.

Até então, se você tivesse de transportar até 1/2 tonelada de carga, as opções ao seu alcance seriam as oferecidas pela Volkswagen na linha Kombi (furgão, perua ou pick-up) ou partir para uma caminhoneta maior, à exemplo da Ford F-100 e da C-10, ambas com opções de motores com quatro cilindros. A Toyota oferecia o Bandeirante na versão pick-up, mas devemos lembrar que se tratava de um excelente veículo para o fora de estrada e que muito raramente era empregado nas operações urbanas.

A Kombi não era um veículo ruim - suas vendas ao longo de mais de meio século dizem o oposto - mas o mercado não dispunha de nada diferente dela e não se tratava de um produto muito moderno; assim, se você não quisesse ter uma, teria de se contentar com caminhonetas maiores - não exatamente econômicas - ou então partir para um caminhão de pequeno porte, como os bem-sucedidos L-608/610 ou os quase esquecidos Fiat 70/80, opção que resultaria num sério desperdício de carga e espaço.

Mas aí veio a Fiat, com astúcia, e ofereceu a Furgoneta (a versão furgão do Fiat 147) já no começo de 1978 e ainda naquele mesmo ano as versões Pick-up e a Fiorino, esta com um baú de boas dimensões e uma incrível disposição de transportar meia tonelada com um consumo razoável e certa vivacidade no trânsito. Para cargas volumosas e relativamente leves, a Fiorino, versão furgão da picape 147, supriu uma lacuna ignorada pelo mercado de então (Ford, Chevrolet e Volkswagen demoraram anos pra oferecer, respectivamente, a Pampa, Chevy 500 e Saveiro) e assim fez o seu nome.

Sim, a Fiorino ainda faz seu nome, pois é vendida até o momento em que escrevo esta postagem. Mas o modelo para o ano de 2023 não tem muitas semelhanças com as primeiras Fiorino, a não ser o formato circular do volante e das rodas. E nem mesmo hoje há a fartura de versões, como as que a Fiat lançou, em outro lance de ousadia, para a linha de 1982, cujo catálogo a Anfavea teve a gentileza publicar:









A versão Furgão dispensa maiores comentários; a Settegiorni, além de amplas janelas - as duas mais próximas da porta com abertura para necessária ventilação -, contava com o banco traseiro bipartido e perfeitamente rebatível; a Combinato apresentava dois bancos de uso mais emergencial, além das enormes janelas e grade de separação entre o motorista e passageiro, um furgão envidraçado que carregava pessoas se fosse necessário na porção de trás.

Embora a Combinato apresentasse a vantagem de transportar pessoas atrás sem maiores dificuldades, a Settegiorni, em minha modesta opinião, era a mais singular e adequada à proposta de transportar pessoas e cargas (mesmo que eventualmente cargas) sem dramas e sem relegar os passageiros extras a uma desconfortável acomodação. Vendeu muito pouco - a Combinato menos ainda -; uma pena que o mercado não absorveu essa inteligente proposta de uso misto, hoje tão valorizada.

O catálogo não conta, mas a linha de furgões poderia ser comprada nas cores Branco Alpi, Bege Dolomiti, Azul Apennino e VermelhoVallelunga, todas sólidas (isto é, sem efeito metálico). Apesar de ter uma especial antipatia aos carros bege (e não tem razão lógica nisto), reconheço que teria fácil uma Fiorino Settegiorni mesmo nesta cor: um carro diferente - em todos os seus sentidos - do que costumamos ver pelas ruas de hoje.

3 comentários:

  1. É mesmo interessante essa proposta das versões Settegiorni e Combinato. O mais curioso é que na geração seguinte houve uma versão denominada Panorama, de proposta análoga à Settegiorni mas que acabou mais restrita à exportação. Alguns exemplares dessa versão Panorama chegaram a permanecer no Brasil, e eu já cheguei a ver um em Florianópolis com uma peculiaridade ainda mais intrigante que era o painel em posição central.

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    1. Muito interessante, nunca vi uma Fiorino Panorama por aqui, talvez seja de um turista ou alguma unidade que seria destinada à exportação que acabou por ficar aqui mesmo... O painel em posição central é bem interessante, boa solução para os mercados que exigem alterações na posição da coluna de direção.

      Grato pela visita!

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    2. A que eu vi, pela primeira vez na rodoviária de Florianópolis e depois em Araranguá, além do painel em posição central que a princípio tinha aparência de gambiarra, também estava com placas nacionais. Desconheço as circunstâncias para ter sido legalizada no Brasil mesmo.

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