sábado, 2 de abril de 2022

Kadett GS e Escort XR3: qual é o melhor (1989)

Dia desses enquanto fazia uma caminhada pelo meu bairro - tarefa necessária para combater o meu crônico sedentarismo, recentemente agravado em tempos pandêmicos -, encontrei um belo Escort XR3 com placas pretas. Infelizmente estava sem celular (tenho essa mania de não conviver muito com telefone) e não pude fazer belas fotos desse exemplar imaculado, vermelho bordô e até com ar-condicionado, conforme pude perceber num exame pouco discreto do interior fechado do esportivo estacionado. 

E naquele momento percebi que estou a ficar cada dia mais velho, pois esses carros já têm mais de trinta anos (o uso da placa preta geralmente pressupõe três décadas de vida, além da conservação e originalidade) e eu os via quase novos a passar pela rua, impecáveis e altamente desejáveis. E enquanto continuava a minha andança, conclui cá comigo mesmo que carro esporte, mesmo que não seja puro sangue na mais decantada acepção, não envelhece e nem deixa de ser desejável...

Se há um adjetivo que bem cabia ao XR3 é desejável. Sobretudo aqueles com motor Volkswagen 1,8 (herança da Autolatina) e mais ainda os conversíveis (esses caros desde novos e que faziam um sucesso incrível nos rolês dos anos 80 e 90); mas se você tem um Escort esportivo com motor CHT Fórmula - o clássico e robusto CHT com mais afinação e acerto -, não fique chateado. Ainda é um bom propulsor: durável, com ótimo torque, fácil manutenção e consumo interessante. Exatamente como o modelo que vi com as chapas de coleção, ainda um 1,6, mas igualmente interessante.

Ao chegar em casa, revisitei as minhas revistas para lembrar melhor do Escort mais esportivo e encontrei, por primeiro, esta interessante avaliação comparativa, com o igualmente desejável Kadett GS. Lançado em 1989, foi uma coqueluche, com direito à ágio, filas de espera e muito interesse. Estão ficando escassos, infelizmente, mas eram muito populares na época: o GS amarelo Elburs (aquele que parece gema de ovo, sabe?) era hipnotizante aos meus olhos de garoto e ainda o é, apesar de já adulto.

Lembranças à parte, vamos, então, ler o texto de Gabriel Marazzi e ver as fotos de Hamilton Penna Filho publicadas na edição n. 36 da saudosa revista Oficina Mecânica:







Dentre ambos, a escolha, no fundo, é muito pessoal: eles se equivalem no desempenho (e notem que a velocidade máxima por eles alcançada é maior do que a Quatro Rodas costumava atingir, ante a limitação da curta pista usada pela publicação na época); o Escort XR3 freou melhor e gastou um pouco menos de álcool - apesar de nenhum deles ter sido projetado para a frugalidade -, mas o Kadett oferecia um pouco mais de equipamentos e os bancos Recaro eram interessantes. 

Muito pessoalmente, a escolha seria pelo Kadett GS, por razões afetivas, estéticas e nada racionais; contudo, ninguém me veria triste se pudesse ter um Escort XR3, mesmo equipado com o motor menor. O segredo dos veículos, distinto leitor, é um só: não importa o quão rápido acelera, mas como ele acelera. E a sensação de pisar fundo ou raso neles é das melhores.

8 comentários:

  1. XR-3 fechado faz tempo que eu não vejo um, só o conversível mesmo. Kadett GS e GSI simplesmente sumiram do mapa.

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    1. XR-3 fechado aqui até tem um número razoável, conversível ficaram mais escassos. Kadett digo o mesmo; perto de casa ficava um GS 1990 cinza em estado bom e que estava a venda por um valor razoável (ah, se tivesse grana...). Os conversíveis, ah, esses sumiram há anos...

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    2. Essa semana eu vi um XR-3 conversível ano '91 vermelho numa esquina na quadra onde fica o meu apartamento aqui em Porto Alegre. Aí em Florianópolis o último XR-3 conversível que eu vi era um preto '95 que estava sendo dirigido por uma mulher vestida de noiva. XR-3 fechado eu lembro de um vermelho que ficou bastante tempo no aterro do Saco dos Limões entre 2015 e 2016, que tinha sido convertido para gás natural.

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    3. Aqui perto de casa um senhor manteve, por alguns anos, um XR-3 conversível das primeiras safras, vermelho rosso, impecável. Vivia estacionado numa garagem e eu o via sempre quando passava de ônibus, não raro o dono tirava o pó daquela lataria (e capota) imaculada. Ai um belo dia o conversível sumiu, infelizmente...

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    4. Em outubro de 2020 eu cheguei a ver um XR-3 conversível vermelho daqueles primeiros, impecável, em Cacupé.

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    5. Pode ser até o mesmo, porque não lembro de outro XR-3 conversível dos primeiros anos aqui na grande Floripa, esses esportivos estão sumindo!

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  2. Revista mecânica e Motor 3 sabiam testar carros... Velocidade máxima de 187 km\h e 10s no 0-100 em um Escort ? E ele bateu o 2.0 do Kadettão, AP com boa aerodinâmica dá nisso, vide Pointer e Logus que chegam perto dos 200km\h nos 2000 injetados.

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    1. Problema da QR é que a partir de 1978 (se não me engano), os testes eram feitos na pista da Varga, em Limeira/SP. Apesar de bom, o circuito era muito curto e os carros não conseguiam alcançar a máxima real (e isso sempre foi muito criticado). A QR respondia que isso, de certa forma, igualava os veículos (se a pista era igual, a velocidade máxima possível era comparável dentre todos os testados naquele espaço), mas os dados de velocidade máxima não eram exatamente aqueles que poderiam ser obtidos em uma pista mais longa.

      Motor-3 e a Revista Mecânica certamente testavam em trechos mais calmos de rodovia litorânea e isso explica a enorme diferença nas velocidades máximas. Tirando as pequenas diferenças entre os veículos e as condições atmosféricas, as máximas são realmente MUITO diferentes.

      Grato pela visita e o comentário!

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