sábado, 12 de junho de 2021

Teste da Semana: Opala Cupê (1971)

Talvez você que lê esta postagem não goste do Chevrolet Opala. Talvez até o deteste com todas as forças. Ou apenas não tenha nada a favor do primeiro modelo integralmente fabricado no Brasil sob a marca Chevrolet. Mas o difícil mesmo é ser indiferente ao carro, pois apesar de a produção dele ter sido interrompida em 1992 - quase três décadas após este texto ser finalizado -, não é tão raro encontrar quem goste muito do Opalão ou da Caravas. Ou de ambos.

Se alguém me perguntasse se uma hipotética escolha unitária eu ficaria com um Opala 250-S ou com um Dodge Dart, diria, muito polidamente, que prefiro um pouco menos o Chevrolet ao Dodge, isso por uma série de motivos afetivos e irracionais; entretanto, lá no fundo sei que ambos me trariam muito conforto e tranquilidade numa estrada longa e pouco movimentada, de preferência com subidas íngremes e com curvas do jeito que a gente gosta. Mesmo um Opala 151-S me cairia muito bem, sobretudo pelo consumo um pouco mais contido, item indispensável quando os preços dos combustíveis chega perto dos níveis da crise do petróleo dos anos 70/80.

Notem que mesmo um sujeito que é fã de carteirinha da Chrysler do Brasil é capaz de elogiar aberta e seguramente um Opala, isso é um case de sucesso para os publicitários e administradores e uma maravilha mecânica para os entusiastas, sobretudo quando se volta no tempo para lembrar como era ter um Opala nos anos 70. E a ansiedade do público para conhecer as novidades era tanta que as revistas de antes até mesmo escalavam altos muros para fotografar protótipos (não, meninos e meninas, helicóptero era algo meio fora de cogitação e o uso de drones só existia na imaginação dos mais chegados à ficção científica), como a Auto Esporte fez na edição de junho de 1970:






O lançamento da versão cupê demorou um pouco, tanto que a primeira avalição da Auto Esporte foi publicada apenas na edição n. 85, de novembro de 1971, cuja íntegra, ao menos até agora, parece ser inédita na internet:








Como podemos ver, o cliente da linha Opala não perdeu em consumo e em desempenho ao optar pela nova versão de carroçaria, até porque o motor 3800 foi descontinuado na ocasião, em prol do 4100, mais interessante e igualmente apto a receber generosa dose de preparação. Ganha, sim, em estilo, pois a carroçaria sem a coluna "b" era muito desejável e moderna naqueles tempos. Sobretudo se estivesse com o signo SS na carroçaria, ai se teria a certeza certeza de que se tratava de um Opala cupê que não estava para brincadeiras... 

Nota: postagem atualizada em 19/06/2021, com a revisão do texto e inclusão do material relativo aos protótipos do Opala Cupê.

2 comentários:

  1. Valeu, Douglas ! Sim, um material inédito na Internet sim ! Adorei ler o texto desse teste, continue postando mais, nos mostra todo o "espirito da época" em que o Opala saiu, um carro que também admiro imensamente e já escrevi aqui que foi o primeiro carro que comprei. Achei interessante nesses primeiros cupês que o cambio fosse em cima mas com assentos separados, o cambio embaixo parece que era exclusivo do modelo SS. No meu Comodoro 1984 o cambio embaixo era muito macio e de engates precisos, uma delicia e um prazer cambia-lo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. As revistas Auto Esporte antigas tem várias matérias interessantes "escondidas": muitas vezes uma avaliação ou reportagem não é mencionada na capa, ai a surpresa quando se abre o exemplar e se depara com uma dessas pérolas.

      Talvez na época a Chevrolet oferecia o Gran Luxo inspirada no Charger LS, daí o fato de oferecer o câmbio na coluna de direção (que acho interessante, ainda quero guiar um desses pra ver como é).

      E imagino que o seu Comodoro 84 deveria ser ótimo de tocar, marchas sempre precisas e sem problemas (pena que o meu Mille 1993 não é assim, uahsuashua), carro que dura a vida toda e mais alguns anos.

      Grato pela visita, abraço!

      Excluir

Este espaço está sempre disponível para a sua contribuição. Fique a vontade e participe, será um prazer ler - e responder - seu comentário!