sábado, 3 de abril de 2021

O primeiro dos primeiros Miura (Oficina Quatro Rodas, Fevereiro de 1977)

Talvez o lançamento do X Salão do Automóvel - realizado em novembro de 1976 - mais lembrado seja o do Fiat 147, o primeiro produto da fábrica italiana em nosso pais, cuja trajetória ascendente ameaçou e até mesmo suplantou a antiga hegemonia da Volkswagen no número de unidades vendidas.

Porém, como indica o título da postagem, hoje não é dia de falar do simpático Fiat, pois a prosa de hoje é a respeito de um produto elaborado mais ao sul do Brasil, o Miura. Com estilo assinado por Nilo Lachuk (com certa inspiração na Lamborghini Urraco, sem que isto seja um demérito), o interessante esportivo também foi lançado naquela edição do Salão pela empresa Besson, Gobbi & Cia Ltda., situada na capital do Estado do Rio Grande do Sul.

Ah, o Miura... Era um esportivo moderno e com interessante dotação de itens de conforto (volantes e pedais eram ajustáveis ao gosto do motorista, feito raro até hoje), só devia em desempenho por ter sido construído na plataforma Volkswagen a ar - mal do qual muitos outros concorrentes padeciam. Mas era um carro e tanto, pois, na inútil e irrelevante opinião deste que vos escreve, o Miura 1977 é tão belo quanto o Bianco, dois bons exemplos da produção nacional de pequena série.

Bom, o fato é que o esportivo gaúcho empolgou muita gente - e o pessoal da Quatro Rodas não poderia deixar a novidade passar em brancas nuvens, tanto que recebeu por empréstimo o segundo exemplar fabricado para travar as primeiras impressões sobre o projeto, as quais ficaram a cargo de Emílio Camanzi e foram publicadas na edição n. 203 da revista (junho de 1977):


Além da óbvia limitação da plataforma Volkswagen - incapaz de oferecer desempenho empolgante, mas reconhecida pela durabilidade e a facilidade na manutenção -, o Miura avaliado apresentou um certo desequilíbrio na frenagem (certamente por falta de um melhor ajuste do sistema). Não obstante, as qualidades de construção, desenho e conforto - complementado até mesmo por um sistema de ar-condicionado opcional - deixaram as melhores impressões.

Se a avaliação da Quatro Rodas não seja exatamente uma novidade, talvez você, amável leitor(a), ainda não tenha visto uma pequena matéria veiculada na edição n. 28 da revista Oficina Mecânica (de fevereiro de 1977), na qual o pessoal da fábrica revela alguns detalhes do desenho e da construção do carro, cuja íntegra me apresso a mostrar:


Do protótipo até o primeiro modelo vemos algumas mudanças - a mais notável diz respeito a redução de quatro para três módulos no painel de instrumentos -, tudo a indicar que a fábrica não era de ficar muito tempo parada. Tanto é que no XX Salão do Automóvel tratou de lançar o Miura II, com novo painel de instrumentos (agora mais convencional) e reestudo do teto e interior, mas isso é história para uma outra prosa... ou para quem ler essa interessante postagem do Lexicar, cuja visita sempre recomendamos fortemente.

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