sábado, 23 de janeiro de 2021

Impressões ao dirigir: Toyota Bandeirante OJ50LV (Motor-3, março de 1981)

Se há uma coisa que vai durar muito mais do que durarei neste mundo é um Toyota Bandeirante. Utilitário dos mais parrudos, os Bandeirantes eram muito bem feitos sobre base muito sólida - diria até agressiva - com mais de tonelada de aço, parafusos expostos e uma força bastante apreciável, fruto da tração múltipla acoplada a uma sólida caixa de redução e, nos modelos mais "clássicos", oriunda do motor Mercedes-Benz OM-314 de 94 hp e durabilidade indefinida (especialmente se bem cuidado).

Lembro de ter andado em uma picape de cabina simples, bege (como muitos carros eram pintados nos anos 1980) e bastante suja, era de uso em uma marmoraria. O bicho é nem um pouco confortável, a trepidação do motor encaminhada à carroçaria poderia ser medida pela Escala de Richter e o conforto se reduzia às janelas de ar abertas em um dia quente e o banco inteiriço de molas saltitantes revestido com um robusto e empoeirado couvin preto. Mas a bordo daquele utilitário, tive a impressão de que poderia vencer qualquer obstáculo. E ir para qualquer lugar desse mundo.

Modéstia à parte, foram quase todas as impressões que Paulo Celso Facin teve ao dar uma volta com uma nova OJ50LV. Digo quase porque apenas ele e a turma da Motor-3 teriam esse dom de relatar seus testes, além do fato de o nosso querido PCF ter se deparado com um atoleiro que mais parecia uma armadilha feita de cola epóxi:







Forçando um pouco mais a memória, recordo que um sujeito que morava no meu bairro - pai de uma colega minha do colégio, a Laura - tinha um Toyota da mesma época, só que vermelho e acrescido de um snorkel (uma espécie de prolongamento do tubo de escapamento até uma parte mais alta do carro para evitar a ingestão de água pelo motor) e as lanternas traseiras de caminhão Mercedes-Benz na época. Estou certo de que a família da menina trepidava bastante nas lajotas que calçavam o meu bairro, mas eles poderiam ir a qualquer lugar desse mundo.

4 comentários:

  1. Embora seja comum usar saída de escape elevada em Bandeirante, o snorkel na frente é para a admissão mesmo. E apesar de ser realmente um utilitário bruto, surpreendentemente o Bandeirante na versão curta é mais compacto por fora que muito hatch mais recente.

    ResponderExcluir
  2. Puxa, bem lembrado! O Bandeirante do pai da minha colega era o OJ50LV semelhante ao avaliado, não muito maior do que o meu Uno Mille com exatos 3.644mm. Agora a moda é ter um SUV gigantesco, mas aquele jipão curto era extremamente eficiente, mais até do que uma modernosa caminhoneta atual.

    Grato pela visita!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Me fez lembrar de uma vez que eu estava comprando um café na loja de conveniência de um posto perto de casa, e comentei com um funcionário sobre o tamanho exagerado dos carros e SUVs mais recentes, no que ele complementou observando o fato de quase sempre levarem só o motorista.

      Excluir
    2. Já tive a oportunidade de guiar uma Ecosport 2,0: o espaço interno é amplo (apesar do porta malas francamente pequneno), mas a dirigibilidade não é boa: o motor seria melhor aproveitado em um Focus (ou em um Fiesta...) e não naquele SUV. Nas curvas mais quentes até o estepe cantou e tive a impressão muito real de que a Ecosport tombaria.

      Nada contra as SUV, mas, para o meu gosto pessoal, parecem ser um desperdício de força e combustível: não se prestam a um uso mais quente de desempenho (e nem falo de velocidade, mas de fazer curvas decentemente) e não servem para um uso fora de estrada.

      Excluir

Este espaço está sempre disponível para a sua contribuição. Fique a vontade e participe, será um prazer ler - e responder - seu comentário!