segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Propaganda da Semana: GM do Brasil (1974)


Tempos atrás eu conversei com vocês a respeito da forte desvalorização dos automóveis com motores maiores (leia-se com mais de seis cilindros); o preço do combustível fóssil subiu em progressão aritmética e o valor de mercado dos possantes V-8 caiu em progressão geométrica. 

Era duro, mas, naqueles anos de 1970 e 1980, você poderia comprar um sistema sofisticado de som automotivo e, por exemplo, levar um Dodge Dart de brinde. Ou se eventualmente a transmissão automática do seu Landau estragasse, era mais negócio vender o carro para o ferro velho do que reparar o defeito. Até valia trocar o interessante seis cilindros de um Opala SS (o sempre lembrado motor 250) das primeiras safras e enfiar no cofre um motor 151. E nem se fale da adaptação da mecânica Opala em tudo quanto era modelo importado (Mercedes-Benz, preferencialmente).

O cavalo, coitado, deve ter sofrido para empurrar o sólido Impala (ou Biscayne, à depender do acabamento) Fonte: memoriasosvaldohernandez.blogspot)
A GM do Brasil (General Motors do Brasil, pra usar o nome completo), empresa mãe da Chevrolet, da Terex (fabricante de veículos pesados voltados ao uso fora de estrada), da Frigidaire (sim, a fábrica de geladeiras e de ares-condicionados foi de propriedade da GM até 1979), dentre outras, trouxe à mídia de então uma campanha, um tanto ufanista, para lembrar aos motoristas de que o petróleo, antes virtualmente infinito, era um bem escasso e muito bem controlado pelos países que extraiam a riqueza do solo.

Anos depois, o governo não democrático (NADA democrático) da época inventou umas maneiras de lidar com a escassez e os altos preços da gasolina, a começar pela campanha pela racionalização do uso (forma suave de dizer que o uso seria racionado), proibição de corridas de automóveis (porque, na visão de alguns, era um tremendo desperdício usar o precioso líquido para abastecer carros de corrida), reduzir o limite de velocidade para 80km/h (mesmo nas raras estradas em ótimo estado) e proibir o abastecimento nos finais de semana e feriados. 

Eram tempos duríssimos, e não foram raros os donos de V-8 possantes que, dada a impossibilidade de andar com eles ao custo alto da gasosa (além da manutenção, tributos e outros problemas), trocaram seus veículos por bicicletas, cavalos, toca-discos... O pró-álcool tornou as coisas um pouco mais fáceis, mas, em 1974, ano do anúncio, o consumo de combustível passou a se tornar importante na escolha de um carro. Ou de deixar de usar um, infelizmente...

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