segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

História do Chevette (1988)



Se o amável leitor (a) já viu o vídeo acima, certamente já tem noção da super novidade que a Chevrolet trouxe à linha 88: o motor 1.6/S. Não, meus caros leitores, não era um motor novo. Era o nosso velho conhecido 1,6 de quatro-cilindros, mas com algumas modificações bem interessantes.

O pessoal da Engenharia da GM já tinha essa carta na manga há algum tempo, e a Quatro-Rodas, lá no lançamento da linha 1987, mencionou a iminente vinda desse motor rejuvenescido:

Cláudio Carsughi, na edição de Setembro de 1986, já tinha cantado essa pedra. Pena que a novidade só chegou um ano depois. (Print Screen do acervo digital da Quatro-Rodas)
Mas que mágica é essa que rejuvenesce um motor, tornando-o um super motor? Aqui nós contamos o milagre e o santo que o operou: o 1,6 sofreu extenso retrabalho, de modo que seus pistões (e os pinos que os prendem às bielas) perderam 92g, as bielas emagreceram 83g e novos anéis foram providenciados, para diminuir o atrito. 

E não foi só isso: um novo carburador, com duplo estágio (coisa que não tinha desde 1983), em que o seu segundo estágio abre apenas em altas rotações, evitando o desperdício de combustível. O coletor de admissão foi reprojetado, agora com um desenho mais fluido. As curvas de avanço do distribuidor foram revistas, assim como as bronzinas (mais reforçadas, para aguentar a maior potência) e o sistema de lubrificação, que recebeu um aperfeiçoamento.

Externamente, a única distinção que diferenciava o novo motor é o logotipo acima. (foto: Cláudio Larangeira/Quatro-Rodas)
Trocando em miúdos: a potência, no motor movido a álcool, subiu 9cv (72cv para 81cv), bem como o torque aumentou 0,5 mkgf ABNT (de 12,3 subiu para 12,8 mkgf ABNT, ambos alcançados aos 3.200 giros). Consumo? Não aumentou muito, mas a velocidade, no teste da Quatro-Rodas, subiu dos 147,3 para 154,7 km/h (0-100km/h em 3,10s mais rápido; o 1,6/S passava da casa dos 100 por hora em 13,09s).

Se você abrir o capô de um Chevette/Marajó 1,6/S verá outra novidade: a tampa do filtro de ar recebeu uma vistosa pintura vermelha, com os dizeres " OHC 1.6/S" pintados em branco. Era para avisar aos incautos de que ali morava um motor um tantinho mais forte.

Este é um 1,6/S movido a álcool: note o reservatório de gasolina à direita, e o thermac na entrada de ar para o motor. (foto: Cláudio Larangeira/Quatro-Rodas)
Mas o novo motor não foi a única mudança para 1988. A linha sofreu, novamente, uma dança de cadeiras, com novos modelos e denominações. O modelo topo de linha não é mais o SE. A fábrica, para padronizá-lo com a linha Monza, rebatizou de SL/E. Assim, as versões para '88 eram: a básica, standard; SL, a intermediária; e a SL/E, top de linha.

Esta é a mais nova versão topo de linha: SL/E. Chevette SE só em 1987. (foto: GMC, via Propagandasdecarros.com)
Além da mudança na sopa de letrinhas, a linha 88 também trouxe outras mudanças: nova forração dos bancos e laterais (a Chevrolet chamava esse tecido de Twill), disponível em quatro cores: cinza, marrom, azul e preto. Uma alteração discreta, que não foi notada pela imprensa na época, foi o redesenho dos fecho dos cintos de segurança. Os da linha 1988 eram menores e mais discretos. A Chevy 500 ganhou novas cores e uma faixa lateral redesenhada.

Novas rodas de liga, idênticas às usadas pelo Diplomata nos anos anteriores, foram disponibilizadas como opcional, além da inclusão de um alarme antifurto, igualmente opcional. Desde quando foi lançado, lá em 1973, só na linha 1988 que o Chevette recebeu a inclusão deste opcional.

(foto:Cláudio Larangeira/Quatro-Rodas)
No mais, merece destaque o final da versão quatro-portas. Apesar de prática, a versão nunca fez sucesso no mercado interno (em países vizinhos, para os quais a Chevrolet o importava, vendia muito bem), em parte pela inexplicável ojeriza do mercado de então pelos modelos com duas portas a mais. Assim como a versão Hatch, o Sedan nunca fez muito sucesso - e já andava meio esquecido pelo público. Durou nove anos, e hoje é figurinha rara, carro muito colecionável.

E finalizando o post, como já é tradição, vamos ao número de vendas: 40.701 unidades. Não é muito, mas nos próximos anos as vendas não melhorariam muito... Mas isso é uma história que você verá nos próximos capítulos.

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