sexta-feira, 11 de abril de 2025

Catálogo da Semana: F-4000 (1986)

O F-4000, lançado em 1975, era fruto de um período um tanto difícil para os veículos de carga com motor a gasolina: apesar de ser vantajoso em algumas operações, como o transporte de bebidas (o preço inicial menor do caminhão a gasolina era um atrativo em uso de baixas quilometragens), o diesel ganhou muita força depois das agitações no mercado do petróleo ocorridas um ano antes. Se o óleo diesel não era uma vantagem para todos, a gasolina subitamente pareceu ser cada vez menos atrativa...

Que o diga a Mercedes-Benz, fábrica que desde sempre apostou no diesel e desde 1972 contava com boas vendas em seu modelo menor L-608 (o mercedinho, apelido que não era nenhum demérito), caminhão leve e muito ágil que provou logo cedo suas qualidades para o mercado. E o pessoal da Ford logo deve ter percebido a necessidade de oferecer algo naquele seguimento de clientes, daí por que a crise de energia pode ter contribuído para acelerar a urgência em ter um concorrente à altura, tão bom quanto possível.

Assim, em 1975, a Ford lançou o F-4000, a versão diesel do F-350 V8 de então: com o excelente motor MWM 229-4 de 98cv acoplado a uma transmissão de quatro velocidades, o peso bruto total chegava a boa marca de 6t, nada mal para época. E quando digo que foi nada mal, também me refiro às vendas: o F-4000 fez história e foi produzido até o crepúsculo da Ford Caminhões, épocas em que tinha até versão com tração integral, sem falar na F-2000, esta de vida muito breve (e que merece uma postagem aqui, podem me cobrar) e não obteve uma fração do que a irmã mais robusta teve ao longo dos anos.

Por falar em anos, o catálogo dessa semana é do modelo de 1986, ano em que ganhou nova grade e para-choque, disponibilizado pela Anfavea (cuja gentileza deve sempre ser agradecida). Notem a interessante pintura bicolor opcional, os estofamentos com desenho caprichado e as duas opções de motor: além do propulsor MWM, um engenho da casa (hoje até um tanto incomum de se ver):



O fim das atividades da Ford Caminhões não significou o fim dos cargueiros da marca: não é raro ver um F-4000 rodando nas mais diversas tarefas, desde transporte de mudanças até como motor home. Não sei se a Ford tinha essa noção há cinquenta anos atrás, mas, devo dizer, ao lançarem o F-4000 eles ajudaram a escrever a história.

6 comentários:

  1. O maior erro da Ford no Brasil foi sair do mercado de caminhões, por mais que teoricamente já não desse o mesmo lucro de antes, mas era uma operação que ainda se sustentava, e ainda tinha um potencial de recuperação enorme que se revelou com a expansão do e-commerce durante a pandemia e a consequente necessidade de fortalecer a logística. E quanto à F-350 e a F-4000, se tivessem mais opções de motor que fisgassem também usuários com um perfil mais recreativo como o da Ram 3500.

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    1. Até hoje fico a pensar nos motivos que levaram a Ford a abrir mão do mercado, talvez por terem concluído que os investimentos na linha de caminhões não valeriam muito a pena, algo que a DAF, por exemplo, certamente não deve ter se arrependido, como a Volvo, a Scania e por ai vai...

      E a sua percepção a respeito das versões mais recreativas é muito válida - uma F-350 mais lúdica seria bem vendável, com bons lucros - mas o desânimo inconcebível da marca com o mercado brasileiro deixou o vácuo... Que o diga a Ford Dimas, a maior concessionária da marca aqui na região, agora, além da linha importada da Ford que tem algumas vendas, dedicam-se à revenda de uma fábrica chinesa de elétricos, uma pena.

      Grato pela visita e os comentários, sempre muito enriquecedores!

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  2. Este robusto caminhão-leve carrega consigo um legado de boas histórias, sempre vejo várias F-4000 aqui na cidade trabalhando no pesado de sol a sol, e é um privilégio para mim poder testemunhar a saga desse bravo Ford.

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    1. Realmente, meu amigo, a F-4000 é um desses produtos de muito sucesso, desde a manutenção acessível e a resistência aos mais rudes trabalhos, com um custo de operação baixo, assim como a inesquecível D-40, que ainda vejo nas estradas daqui fazendo de tudo um pouco.

      Grato pela visita, meu amigo, grande abraço!

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  3. O título e o 4º parágrafo desse post estão errados. O próprio catálogo menciona três vezes "F-4000 '86", ou seja, esse F-4000 é ano-modelo 1986 (em 1985 os faróis ainda eram redondos na Série-F brasileira). No verso do catálogo consta 10/85, ocasião da impressão desse material de divulgação, que não tem relação como o ano-modelo em si.

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    1. Com toda razão, acabei por me concentrar na data da divulgação do catálogo do que no ano/modelo em si, típica falha de quem nunca foi lá muito bom com números.

      Obrigado pela atenção, já fiz a adequação no texto!

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