sexta-feira, 20 de junho de 2025

Reportagem da Semana: Del Rey automático (1982)

A história do Del Rey é por demais conhecida, mas não custa recordar que a Ford, em 1981, teve a iniciativa de trazer um novo modelo para suprir a falta (tanto quanto possível) do Maverick no mercado nacional, descontinuado que foi em 1979. Não sei se é possível dizer que o Del Rey, uma versão surgida do Corcel, seria um substituto adequado ao Maverick, mas, por outro lado, era compreensível que as dificuldades e angústias que se prenunciavam nos anos 1980 fizeram com que a fabricante optasse por tal alternativa.

Explico: o Maverick era um carro maior, projeto americano do final dos anos 1960, com uma proposta muito adequada para aquela época, de dimensões maiores (o sedã, de entre-eixos ainda maior) e capaz de fazer frente ao Dart, ao Opala e ao Alfa 2300 em suas variadas opções de acabamento e mecânica, sem maiores preocupações com eficiência energética. O Del Rey, apesar de limitado à plataforma do Corcel, beneficiando-se de suas virtudes e seus defeitos, era bastante adequado em termos de consumo e com um acabamento muito esmerado, a ponto de ter itens que o Landau, topo de linha, jamais teve, como os vidros elétricos.

Talvez, digo talvez, o Sierra fosse um substituto muito melhor para o Maverick, mas, para cá, nunca veio, a não ser nas mãos dos turistas argentinos que passeavam por nossas estradas litorâneas. O que tivemos era o Del Rey,  um produto mais perto de um "compacto premium" do que um "médio". E não era um carro ruim, muito longe disso. Afinal, quem queria conforto, economia, tranquilidade na vida e na tocada, teria um excelente veículo em suas mãos. Não derreteria corações nas ruas da moda, mas era um carro bastante confiável para quem queria mais sossego na vida..

Acessórios, então, não faltavam: tinha até teto solar, ar condicionado de boa potência, suspensão calibrada para passeios macios, vidros e travas comandadas eletricamente, toca-fitas Philco de boa qualidade, acabamento muito esmerado, várias cores metálicas e tudo mais.. Entretanto, quem não fazia questão de acionar a embreagem e lidar com a transmissão de cinco velocidades, sentia falta de algo a mais, a transmissão automática.

E ela veio, no final de 1982, já como novidade para o modelo de 1983, não exatamente muito moderna, mas adequada para o uso pacífico que o Del Rey inspirava, cuja avaliação o nosso saudoso JLV fez para saudosa Motor-3, edição de 12/1982, cuja íntegra temos o prazer de mostrar:







Não se tratava de um carro perfeito (nada é), mas, resolvido o problema dos pedais, era um carro muito competente e adequado para o uso do dia a dia. Pode até ser que não tenha vendido muito, tampouco teria condições de substituir o Maverick (e nem se fale do Landau), mas era um carro interessantíssimo e muito bom de andar. E o motor, quando bem cuidado, durava uma eternidade...

3 comentários:

  1. Dizem que o Corcel II inicialmente era uma proposta de remodelação para o Maverick. No fim das contas, ficaram tanto o Corcel II quanto o Del Rey muito parecidos com o Granada europeu. Talvez o nome Granada não pegasse tão bem no Brasil, e o Sierra ficasse muito caro para produzir aqui porque tinha até suspensão independente nas 4 rodas, mas um carro na proposta de sofisticação que se esperava do Del Rey faria mais sentido com tração traseira e o motor 2.3 OHC do Maverick na época, também para ter um distanciamento maior do Corcel e manter algum prestígio diante dos concorrentes que eram mais diferenciados dos modelos mais austeros de cada fabricante.

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  2. Pois é, Granada é uma bela cidade da Espanha, mas é também a denominação daquele artefato explosivo, então talvez o mercado daqui não fosse assim exatamente receptivo para esta denominação. Uma pena, o nome me soa bem e fez sucesso no estrangeiro.

    Pessoalmente, penso que o Maverick e o Landau não foram substituídos; a opção pelo Del Rey foi mais uma aposta de custo e eventual importação para o mercado regional, até porque a fábrica já investira bons valores para aqui fazer o Escort e o Sierra não teria espaço.

    Ao se olhar pra trás, a gente percebe que a Ford nunca foi de investir tanto em seus carros no Brasil: o Corcel veio da Willys, Escort do estrangeiro e o Fiesta da mesma forma. Versailles era uma homenagem ao Santana, apenas. E concordo contigo, faltou uma opção menos vinculada à linha Corcel, o que me faz pensar que a Ford nunca foi muito de investir aqui...

    Grato pela visita, volte sempre!

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    1. Opções nunca faltaram para a Ford no Brasil, o que faltou foi empenho mesmo. Até se fosse o caso de adaptar a silhueta de algum modelo mais moderno ao Maverick, teria ficado mais competitivo. O motor 2.3 OHC era moderno e perfeitamente competitivo diante do OHC do Monza e do AP, então adaptar a aparência de um modelo mais prestigioso e moderno sobre o conjunto do Maverick teria feito algum sentido, tendo em vista que o Maverick ficou com fama de beberrão por causa dos motores de 6 e 8 cilindros, mas manter o mesmo conjunto já com o motor OHC num modelo que não tivesse um nome tão desgastado (para a época) teria caído como uma luva.

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