Uma Belina II não é exatamente um carro muito raro - se você rodou hoje por aí, provavelmente topou com uma destas (eu mesmo vi uma hoje!). Porém, é preciso considerar que a versão pode ser muito rara, mesmo quando o automóvel é um sucesso de vendas. Este é o caso da Corcel II Van.
Curiosamente, a Ford, talvez por receio de vincular o nome da Belina - uma perua de pretensões familiares - a um utilitário, resolveu chamar essa versão da Belina de Corcel II Van. É, então, uma Belina, sem ser exatamente uma Belina. Caso muito curioso, portanto...
Bem, a Ford, lá em 1982, começou a sentir a concorrência da Fiat, fábrica que trouxe ao Brasil várias inovações, inclusive uma atrevidíssima picape, montada na base do 147 e carregava bastante peso, contando, inclusive, com uma versão fechada, a Fiorino.
Aí alguém da fábrica do oval deve ter pensado "ah, precisamos fazer alguma coisa!". A solução definitiva - a Pampa, versão picape do Corcel - só viria em 1982, e este era um intervalo de tempo muito longo para ser deixado em branco. Logo, a ideia foi natural: a Belina teve de ser convocada para o serviço pesado.
A carroçaria é a mesma da versão standard, sem luxos ou os frisos plásticos da versão L. Carro de trabalho não precisa de luxos, não é mesmo? O interior, pelo que se vê das raras fotos disponíveis por aí, é o mesmo da versão básica, com os bancos de encosto baixo (comuns àqueles tempos). Atrás deles, como medida óbvia de proteção, uma parede metálica até o topo dos bancos, completada por uma grade igualmente metálica.
O "salão de carga" é bastante simples: ripas de madeira no assoalho, para facilitar a entrada e saída dos objetos, forração lateral inteiriça, de material mais simples - e o curioso detalhe de que as janelas laterais eram substituídas por chapa, daí o nome van:
A única propaganda conhecida desta rara versão (fonte: propagandadecarros.com) |
A suspensão traseira era reforçada - seguramente os pneus também eram; as rodas eram as mais simples da linha, sem o logotipo vermelho no centro do cubo. Opcionalmente, os motores, tanto a álcool quanto a gasolina, poderiam ser acoplados à transmissão de cinco marchas, excelente para trajetos rodoviários.
Todas estas vantagens se perderam em 1982, quando a Pampa foi lançada - esta com uma capacidade de carga muito superior, além da óbvia vantagem de carregar objetos mais volumosos. Vai daí que ela não vendeu muito, não mais do que mil unidades, até o ano de 1984, quando a Van entrou para a história.
Douglas, nunca tinha ouvido falar nem visto nada desse modelo... passou completamente batido pra mim na época ! Realmente foi um carro tampão, enquanto não chegava a pampa, vastamente superior e que foi um sucesso como veiculo de transporte de cargas, enquanto a VW Saveiro foi um modelo que foi usado mais como esportivo e carro "de boy" na época, poucas sendo usadas pra cargas. Excelente post Douglas !!
ResponderExcluirPois é, Xracer, descobri esta versão ao ler uma Quatro Rodas da época, uma breve resposta a um leitor dando conta dessa rara versão.
ExcluirA sua definição é excelente: carro tampão. Na falta de um utilitário, o jeito foi convocar a Belina ao serviço mais pesado. Como furgoneta, é uma solução válida - mas, em termos de espaço, a Fiorino é líder desde aqueles tempos.
E não menos excelente a lembrança da Saveiro; de fato, lembro que, quando criança, alguns vizinhos tinham as suas Saveiro, todas com capota marítima e rodas de liga, perfeito carro esporte, fazia um tremendo sucesso na época. Agora a Pampa, a não ser naquela versão 1.8/S de 1990, não era exatamente um carro esporte.
Obrigado pela visita e pelo comentário!
Grande abraço!