CHT. Ou Compound High Turbulence, se preferirem. Esta sigla, que em português significa Combustão em Alta Turbulência (ou Alta Turbulência por Câmara Composta, como disse Luc de Ferran - diretor de engenharia da Ford naqueles tempos - em entrevista à Motor-3, nº 38, agosto de 1983) trouxe uma saudável mudança nos motores da Ford.
O quatro-cilindros não era necessariamente um projeto da fábrica do oval azul. Ele veio da Willlys-Overland do Brasil. É que a Ford comprou esta empresa, e "de brinde" recebeu o Projeto M, que nós conhecemos hoje pelo nome de Corcel. Sim, esse motor, cujas origens remontam à Renault francesa (o motor Sierra, que equipava o Renault-8), já na época era um tanto antigo, e precisava de um upgrade.
A Ford do Brasil trabalhou bastante no motor - e o resultado foi o CHT. Em curtas ideias, curtíssimas até, podemos afirmar que esse motor sofreu uma modificação no sistema de alimentação, fazendo com que a mistura ar/combustível tivesse um melhor rendimento, permitindo, assim, uma menor dose de combustível na mesma mistura carburante. Trocando em miúdos: mais economia e melhor desempenho.
E este motor não surgiu apenas para simpática Pampa, muito menos para o Corcel - ou o Del Rey. Ele foi criado para equipar o Escort, retumbante novidade da Ford para aqueles tempos. Mas, é certo, o que serve para um, serve para todos: as modificações para o Escort beneficiaram toda a linha:
O novo CHT etílico rendia 73,2 CV, um bom incremento de potência. Além disso, os novos tratamentos de lataria criados para o caçula foram aplicados aos demais modelos (como se pode ler na peça abaixo):
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A propaganda está um tanto surrada. Mas é um modesto presente, de coração, aos fãs da pequena picape Ford. |
O motor CHT foi largamente utilizado pela Ford nos anos 80 - e ganhou o nome de AE-1600 nos tempos de Autolatina. A Pampa, lançada em 1982, foi uma resposta à Fiat, pioneira no setor de picapes leves - e foi fabricada até 1996, oportunidade em que foi substituída pela Courier. Mas, como costumo dizer, é uma outra história...
Interessante que em duas ocasiões a Pampa foi oferecida com duas frentes distintas de forma simultânea, em cada uma dessas ocasiões: Na primeira ocasião, na linha 1984, a Pampa ainda era oferecida com a mesma grade do Corcel II 78/84 se fosse 4x2 e era oferecida com nova e a exclusiva grade quadriculada se fosse 4x4 (essa grade quadriculada se tornou padrão de 85 a 87, independentemente do tipo de tração); Na segunda ocasião, nas linhas 1986 e 1987, a Pampa ainda era oferecida simultaneamente com a frente antiga (faróis retangulares, dois pares de meias-luzes frontais e grade quadriculada) nas versões mais básicas, e com a frente reestilizada (faróis trapezoidais, meias-luzes frontais apenas na parábola dos faróis e grade herdada do Corcel 85/86) nas versões mais requintadas, como a Pampa GL.
ResponderExcluirTinha a impressão de que aquela grade quadriculada era exclusiva da versão 4x4, mas imagino que por uma questão de custo e de estilo o pessoal da fábrica resolveu estendê-la aos demais modelos. As que via na infância geralmente mantinham a grade do lançamento (ou outra mais genérica, de reposição) - e não lembro de ver alguma GL pessoalmente (ao menos original, essa grade da linha 85 e 86 do Corcel era das mais difíceis de obter para reposição). E aproveito para perguntar: as Pampas 4x4 depois de 1987 mantinham a mesma grade das versões 4x2 ou era alguma exclusiva? Esse detalhe não lembro...
ExcluirMuito obrigado por compartilhar tantas informações preciosas (seu conhecimento é muito vasto!), volte sempre!