Não sei se isso acontece apenas comigo, mas não é tão raro ter a impressão viva de que o tempo passa um tanto mais rápido do que percebo. De fato, são cada vez mais frequentes as vezes em que digo que "antes ali era tudo mato", "nossa como você cresceu", "você não lembra disso?", frases que escancaram o inexorável correr dos anos.
E foi exatamente isso que percebi quando, ao fuçar em meus guardados digitais, encontrei os catálogos de lançamento da Chevrolet S-10, de exatos trinta anos atrás. Sim, ela pode receber placa preta, apesar de que, para mim, ainda é uma picape relativamente nova: o tempo não fez mal à S-10, que veio um tanto tarde para o Brasil para preencher o degrau entre a Corsa Pick-up e a Silverado (ou, se preferirem, o gap entre a Chevy 500 e a C/A/D-20) e que representava o estado da arte da época em termos de carroçaria e de desenho.
A S-10 veio ao mundo em duas versões (standard e De Luxo), apenas na opção da cabina simples e sem o interessante motor a diesel; cabine estendida, dupla e o propulsor diferente só vieram um ano depois, bem quando nasceu a Blazer, outro carro interessante e que ainda hoje teria com total facilidade, se pudesse. Tive a oportunidade em andar numa delas seminova em 2010, motor flex queimando álcool de uma forma muito macia em uma viagem confortável com ar condicionado ligado e aquela impressão de total solidez em viagens e no trânsito maluco do dia a dia.
Você até pode dizer, com total razão, que a S-10 ainda está em plena produção, é verdade, mas se trata de uma proposta muito diferente do modelo lançado já naquele distante ano de 1995: a picape, assim como a Ranger surgiu entre nós, instalava-se em um seguimento médio com a proposta de vocação ao trabalho (o modelo básico) e ao lazer/luxo (De Luxo), mas ambas com o mesmo propulsor de quatro cilindros e 2,2l de cilindrada, exatamente o mesmo que teve origem na linha Monza e estava em pleno uso nos Ômega. Nada muito moderno, mas nada muito arcaico. E muito diferente do que temos hoje.
Duvida? Então vamos ler a avaliação que a Quatro Rodas fez por ocasião do lançamento, de uma S-10 de luxo bem equipada para a edição n. 416:
A Chevrolet, muito compreensivelmente, entregou à revista a versão mais completa; mas, para que não se fique com curiosidade, a versão básica não tinha diferenças mecânicas muito grandes, apenas o painel sem conta-giros, tecido do banco (ou bancos, se quisesse tê-los individuais) mais simples e rodas de aço estampado até que bonitas, nada dramaticamente diferente. Na época, e isso lembro bem, era um utilitário muito interessante, moderno, bonito e bem vendável. Até hoje se vê dessas de primeira safra, quase sempre atreladas a um kit GNV, trabalhando firme nas mais variadas aplicações.
Ah, e antes que você diga que esqueci (e isso deve ser coisa da idade), deixo aqui os prometidos catálogos das duas versões iniciais da S-10 que há muito encontrei na internet, sem, infelizmente, ter o nome de quem os digitalizou pela primeira vez (se foi você, avise-me e darei créditos, ok?):
Passe o tempo que passar, ainda vou lembrar dessas S-10, sucesso de vendas daqueles inesquecíveis anos 1990.






