domingo, 2 de janeiro de 2011

Já não se faz carro como antigamente... (Parte II)

Se na postagem anterior a turma dos saudosistas comemorou o 1x0, creio que a disputa vai ficar mais acirrada... Apesar de ser um saudosista nato, sou obsessivo por segurança.
Graças a Deus nossa indústria evoluiu tremendamente nesse sentido. Nossos carros, embora pareçam frágeis estruturas de plástico, são seguros. Basta pensar que um desastre automobilístico (como se dizia há uns 30/40 anos atrás) era quase fatal. Sabe por quê? Veja esta pequena lista (exemplificativa) de armadilhas que os carros de outrora tinham:

1) Freios a tambor nas quatro rodas: os freios de serviço (nome pomposo para o freio de pé) eram basicamente compostos por quatro tambores; geralmente com os dianteiros com dois cilindros de acionamento (a Chrysler denominava os freios assim construídos de duplex), para garantir maior eficiência.

Tambores dos Dodge Dart de primeira leva (Manual de Serviço Dodge- dodgeclubedecuritiba.com)
O problema não era o freio em si, mas a sua menor capacidade de dissipar calor. Em palavras mais simples: o tambor esquenta muito mais facilmente que o disco. E o aquecimento, o famoso fading, causa a perda momentânea da capacidade de frenagem. Imagine um auto de 1.800 kg descendo uma serra esportivamente... Haja lona pra segurar! Hoje até mesmo a veterana Kombi tem freios a disco. E há o servo-freio, dispositivo que permite a melhor modulação da frenagem, além de diminuir o esforço.

2) Ausência de cintos de segurança: não preciso me alongar muito descrevendo o perigo que a falta de cinto causa...

Mas atento para um detalhe: os cintos pélvicos, aqueles que só passam pela bacia, não garantem a colisão do corpo com o painel. E os diagonais, aqueles que passam pelo tórax e omoplata, (famosos por equipar a linha VW da década de 1970) não evitam o escorregamento para baixo do painel. Bom mesmo é o já famoso cinto de três pontas!

O cinto de três pontos foi criado em 1959 pelo sujeito da foto, Nils Bohlin, então engenheiro da Volvo (foto: motordream.uol)
3) Painel não projetado para choques: Certa feita li numa entrevista a declaração do médico José Guimarães Moraes a expressão “painel karatê”. "Os painéis antigos eram feitos basicamente em um ângulo agudo de formato bastante saliente. O passageiro que ia de encontro ao painel recebia um contragolpe. Além disto, o material empregado na construção não absorvia impactos. Hoje é tudo diferente".

Notem os ângulos agudos, inexistentes atualmente (Foto: motorclássico.pt)
4) Pára-brisa temperado: Os pára-brisas de antes não eram laminados. Quando quebrados, formavam milhares de caquinhos. E uma maldita poeira fina, péssima pras córneas. Os vidros atuais são laminados; e não se estilhaçam. Muito mais seguros.

5) Carroçaria: Carro não era feito pra bater. Em severas colisões, notadamente as dianteiras, as portas emperravam e as colunas entortavam. E o capô invadia o habitáculo. A chaparia não dissipava a energia do impacto; coisa que só o Dodge Dart trouxe pro Brasil em 1969.

6) Sistema de alimentação: Numa porrada feia, muitos carros pegavam fogo. Uns por causa do não-desligamento da bomba de gasolina (mandava gasosa mesmo quando a porrada era feia), outras vezes por conta do rompimento do tanque de gasolina.

7) Ausência de encosto de cabeça: Sem o encosto, há o risco de lesões medulares em caso de impacto traseiro. Problema sanado pelo Charger R/T e pelo Passat.

Outros equipamentos foram introduzidos para evitar o mínimo de ferimentos aos ocupantes dos automóveis. Caso do Air Bag, as barras de proteção laterais (que ficam dentro das portas, protegendo os ocupantes dos impactos laterais) e outros. Sem fala nos dispositivos que evitavam os acidentes, caso do ABS, controle de tração e tantas outras traquitanas.


Não existe carro seguro. Mas a evolução tratou de deixar os autos cada vez menos inseguros... Viva a tecnologia!

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NOTA: Não sou ingênuo de pensar que as mortes no trânsito só se dão por causa do carro. Há outros fatores determinantes: péssima condição das estradas de anos atrás (mais precárias que hoje, acreditem!), imprudência, imperícia, falta de manutenção adequada e etc.
Também não quero dizer que os autos antigos são cadeiras-elétricas. Se utilizados com discernimento, assim como qualquer meio de transporte novo ou antigo, eles têm margem de segurança. Automóveis não são brinquedos.
Por fim, não sou engenheiro ou médico. São observações coletadas ao longo de quase uma década de estudos em relação aos automóveis.
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