terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Catálogo da Semana (Linha Chevrolet 1990)

O primeiro ano da década de 90 seria muito marcante na indústria automotiva nacional: finalmente foi levantada a proibição à importação de veículos, de modo que naquele ano de 1990 começamos a ver a mais completa variedade de novos automóveis de diversos países: desde os conhecidos Mercedes-Benz e BWM alemães até os despojados e robustos Lada russos, passando por todos os segmentos do mercado, das picapes Mitsubishi até os esportivos mais nervosos, como as Lamborghini e até mesmo as Ferrari. 

Por tal motivo, a Chevrolet, como todas as fabricantes que aqui estavam antes de 1990, não poderiam ficar paradas esperando as vendas caírem, daí por que a importância de destacar as novidades e as virtudes da linha, como a que se nota no catálogo desta semana, gentilmente disponibilizada por Sidney Machado Maciel no Flicrk.

A década de 1990 foi bem agitada para a Chevrolet: ela lançou a linha Omega (1992), a linha Vectra (1993), a linha Corsa (1994), a S10 (1995), a Silverado (1996) e diversas variações e atualizações dos modelos produzidos. Interessante pensar que nenhum dos modelos deste catálogo chegou ao ano 2000...
Interessante a arte gráfica com a gravatinha da marca, alta tecnologia de 1989.

O Chevette, de que tanto falamos (e elogiamos) neste espaço, era a versão de entrada da linha Chevrolet; no catálogo aparece a versão SL/E, topo de linha.

Até ver este catálogo eu pensei que este modelo de rodas de liga só teria aparecido com o lançamento do Chevette DL no final de 1990. Estava enganado!

O Kadett era novinho em 1990; lançado um ano antes, era um sucesso e tanto. Compartilhava a mecânica básica do Monza, mas tinha suas peculiaridades mecânicas e dinâmicas, um carro bem interessante.

Na foto grande a versão topo de linha do Kadett, a GS, esportiva de alto desempenho; abaixo, a versão SL/E, intermediária e bem confortável (a básica era a SL).

O interessante Monza Classic SE vinha mais equipado para 1990, com equipamentos de luxo e acabamento esmerado. No ano seguinte o Monza receberia nova frente e traseira, numa reestilização que deu mais seis anos de sobrevida ao excelente veículo.

Na foto, à exemplo do Kadett, na foto menor vemos o Monza SL/E (a versão SL, a mais simples da linha, nem apareceu no catálogo).

O Diplomata SE, topo de linha dos topos de linha da Chevrolet, tinha até, como opcional, a transmissão automática de quatro velocidades.

O Comodoro SL/E e o Opala SL, os modelos Opala mais simples, nem sequer apareceram no catálogo.

A Caravan Diplomata, lançada em 1986, concorria diretamente com a Quantum GLS, com a desvantagem óbvia de ter apenas duas portas.

Da mesma forma, as Caravan Comodoro SL/E e SL não apareceram no catálogo, mas eram normalmente vendidas.

Ao fundo, uma Chevy 500, de quem já falamos neste blog; a frente a picape A-20, movida pelo saudoso motor de seis cilindros, silencioso e altamente durável, mas não exatamente econômico.

No segundo plano vemos a opção da cabine dupla, que era comum à A-20, C-20 (movida a gasolina) e D-20 (com motor a diesel), bastante procurada até hoje.

Lançada em 1989, a Bonanza ainda era novidade no ano de 1990.

A Bonanza, que era, digamos assim, a versão duas portas da Veraneio, é altamente interessante, principalmente se equipada com ar-condicionado, para evitar o imenso calor que os vidros laterais inteiriços causam aos passageiros.


A Veraneio, remodelada em 1989, era ampla e confortável, como a antecessora. Foi - e ainda é - um sucesso e ótima companheira de viagem. A versão a diesel, por questões legislativas, somente foi lançada em 1991.


Naqueles tempos a Chevrolet tinha seus caminhões, que foram alvo de uma boa repaginada em 1985; o conforto interno era apreciável e o volante tinha desenho semelhante ao usados nas picapes e na Bonanza/Veraneio.


A Ipanema (inicialmente chamada de Kadett Ipanema), era a promessa para o ano de 1990: a traseira, de linhas retas, era bastante polêmica (não faltaram as comparações com a Vemaguet), mas fez sucesso.



A Chevrolet se esmerou nos anos 1990, como o catálogo já poderia anunciar; pode ser que a fábrica da gravatinha não tenha sido a melhor fabricante daquela década, mas ela foi uma concorrente de peso neste quesito!

14 comentários:

  1. Este é um tempo da indústria automobilística que me marcou e me deixa muitas saudades. Tempo bom que não volta mais :'(

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    1. Nem me fale, Rui... Eu sou fã de carteirinha dessa época da Chevrolet (1988/1990), acredito que foi o auge do conforto e do acabamento, eram carros feitos pra durar uma vida toda e muito mais além. Não só a Chevrolet: a Ford, por exemplo, fazia carros incríveis naquela época, acabamento primoroso e muito confortáveis.

      Hoje, infelizmente, não tem muita graça em ter um plastimóvel...

      Grato pela atenção e pelo comentário!

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  2. Falando desses caminhões (D40, D11000, D12000 etc)... eles tinham a cabine com as mesmas dimensões da pickup Chevrolet D20? Abraço.

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    1. Vou pesquisar a respeito, mas, penso que há a possibilidade de a parte do habitáculo ser igual (diferenças a partir do curvão -a parede de fogo - para frente). Grato pela visita e pelo comentário!

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    2. Grato pela resposta. As nomenclaturas desses caminhões pesados da GMB sempre me foram alvo de curiosidade. Não consigo diferenciar qual caminhão é um 11000, 12000, 13000, etc. Sempre me engano quando vejo um trafegando aqui por onde moro, geralmente utilizados para transporte de água para as localidades mais remotas.

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    3. Estamos aqui sempre às ordens!

      1) Quanto à cabina dos Chevrolet, pesquisei aqui em um manual de serviço de utilitários da linha (que achei na internet, tempos atrás), a estrutura da cabine parece ser a mesma. Nos 11000 em diante, muda o para-choque, para-lamas, grade e outros detalhes. O painel de instrumentos também tem diferenças, além do acabamento simplificado. Eventualmente o para-brisa e as portas são comuns a todos os utilitários, mas o ideal é ver na prática.

      2)A diferenciação dos Chevrolet não é muito fácil a olho nu, mas vou te dar umas dicas: a nomenclatura diz respeito ao peso bruto total (PBT) do caminhão: 11000, 13000, 19000, 21000 e 22000. De fábrica, o 19000 e o 21000 saiam com o terceiro eixo em balancim, só o 22000 (o antigo caminhão da série 80)tinha o "truque" em tandem, além de ter a opção de ser 6x4.
      Na prática, só vendo o número do chassi pra saber ao certo como ele é, porque estas novas séries da Chevrolet não eram muito fáceis de identificar.

      3) Aqui em Santa Catarina não vejo muitos, só em Bom Retiro eu vi o único D80 da vida, bem inteiro, no transporte de madeira. Os Chevrolet mais antigos que vejo normalmente são caçambas, uma pena, porque eu os acho muito bonitos e resistentes. E o ronco do clássico Perkins é único!

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    4. Douglas, continuando comentando aqui, aproveito para te perguntar uma coisa. Antes, um pouco de contexto: tenho 20 anos de idade, e sempre fui fã da pickup D20 e suas versões transformadas. Moro no interior do Estado do Ceará e passei toda minha infância andando de D20. Sei que D20 só funciona se for 4x2, pois as 4x4 foram um verdadeiro fracasso.

      Para os padrões de hoje em dia, ainda vale a pena possuir uma D20? Ou é dinheiro jogado fora? Abraço.

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    5. Sou oito anos mais velho do que você, Bruno e moro no litoral de Santa Catarina (ao lado da capital catarinense), aqui ainda vejo muitas D-20 em plena forma, até mesmo não é tão raro ver as D-10 na lida, nem todas bem conservadas. Há uns 15 anos eu vejo uma F-1000 4x4 entregando bujões de gás aqui na minha região, inteira (certamente com a tração dianteira desligada) e prestando ótimos serviços. Outra D-20 conquest é usada como carro de passeio de um sujeito local. Os que sumiram foram os caminhões Chevrolet (como os Ford): até os Matra, de produção local, desapareceram da paisagem!

      As D-20 com tração total (como as D-10 4x4) foram pensadas pela Engesa, mas o mercado não as recebeu com tanta euforia: D-20 4x4 há tempos que não vejo, elas não aguentavam o serviço fora de estrada, como aconteceu com a Belina 4x4. Pena que nem tudo que é pensado dá certo..

      Quanto a ter uma D-20, eu não penso que é dinheiro jogado fora, eu teria uma, com um ar-condicionado, claro. Se achar uma D-20 bem conservada, com mecânica em dia, você terá um veículo em plenas condições de te dar conforto (relativo à época) e durabilidade sem correspondentes atuais. Talvez o nível de consumo não seja equivalente às picapes atuais, mas é um veículo robusto e apto aos serviços pesados e é um agradável veículo de passeio, sobretudo na versão de cabine dupla. O preço delas não é exatamente baixo, mas não costumam desvalorizar.

      Só pra ilustrar, a empresa que cuida da limpeza urbana de Florianópolis tem uma D-20 cabina dupla até hoje, em plena lida, sem sinais de aposentadoria!

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  3. Caro Douglas,

    Agradeço pela explicação e esclarecimentos. Quanto ao misterioso "Chevrolet D80", eu sempre achei que esse "D80" seria o Chevrolet 11000 que já se conhece, por causa da chegada dessa nova linha de caminhões quadradões, já que o "D70" carecia de um sucessor para a categoria que ostentava.
    Quando você digitou habitáculo, se referiu ao interior da cabine, estou correto? Pois para mim entre a cabine da D20 e desses caminhões não há muita diferença significativa.

    Para ver fotos das cabines da D20 em plena montagem (numa transformadora), acesse esta postagem:
    https://www.autoentusiastas.com.br/2017/05/brasinca-muito-alem-do-breve-voo-do-uirapuru-por-edson-stanquini/

    Perceba que existem informações valiosíssimas no artigo desse site que citei acima, e para completar ainda é possível ver como eram as cabines da Série 20 em sua fase de montagem.

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    1. Imagine, Bruno, estou aqui para aprender e repassar algumas informações que vou juntando, sempre é um prazer conversar sobre automóveis tão fascinantes!

      a) O D-80 foi lançado em 1981, ele, na verdade, era a verão 6x2 do D-60, com o terceiro eixo montado em cantilever (balancim, apto para carregar mais carga. E me corrigindo, o D-80 foi substituído pelo 21000, pois o Chevrolet 22000, o mais pesado de todos, tinha o terceiro eixo em tandem e a opção de tração 6x4, coisa que o D-70 já dispunha desde 1981. Então, o D-70 6x4 e 6x2 se tornou o Chevrolet 22000.

      b) Isso, eu disse "habitáculo", o mais correto seria cabine, mesmo. Afora a questão dos arremates (mais luxuosos nas picapes), os caminhões não tinham diferenças de estrutura, até por uma questão de preço: seria muito caro projetar mais de um tipo de cabina para os utilitários, encareceria sem necessidade os projetos.

      c) Fantástica reportagem, a Brasinca fez muita coisa não só pela Chevrolet, mas pela indústria nacional: desde cabines para a Scania até o Uirapuru, mas a Chevrolet foi a parceira mais fiel e próxima, tanto que aproveitou os projetos para renovar a Veraneio e lançar a Bonanza. Bons tempos!

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    2. Douglas,

      Falando na Brasinca, não sei se você já viu este vídeo: https://youtube.com/watch?v=Obnh9ncj4fI

      No vídeo o Luiz Galebe entrevista o Geraldo Oppenheim, que era o diretor da Brasinca, na época. Veja só como era uma Brasinca Andaluz zerada, brilhando!

      Mais artigos sobre a Brasinca:

      http://www.picapesgm.com.br/reportagens/reportagem_prestigio.htm

      http://www.picapesgm.com.br/reportagens/reportagem_super_picapes.htm

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    3. Fantástico vídeo!
      Aqui nas redondezas tinha uma fabricante de cabines duplas nos anos 80/90, acho que era só uma oficina que as fazia, mas sem critério e nenhum cuidado: um primo meu esteve lá uma vez e viu usarem uma quantidade absurda de massa plástica (talvez perto de 20 ou 30kg) para disfarçar imperfeições. Fora que as picapes com a cabina cortada ficavam ao tempo, muitas enferrujavam e só tocavam a massa pra disfarçar, o que explica o fato de que poucas sobreviveram...
      A Brasinca, como poucas outras, era de uma qualidade que o tempo confirma!

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    4. Tudo isso só de massa plástica? Caramba, gambiarra pura! A maioria das transformadoras utilizavam chapas metálicas ou fiberglass. Prefiro as que tinhas a carroceria feita com chapa, muito mais confiáveis e duráveis. Fiberglass só deve ser utilizado em capotas (minha opinião!), já massa plástica deveria ser utilizada com mais prudência, pois corrompe toda a estabilidade da pick-up, e ainda mais se tratando de D20, que não é carro nada leve!

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    5. Exatamente! E essa massa toda logo trincava com a trepidação do motor (e com o natural uso), algumas vezes a massa caia em blocos, como se o carro estivesse se desfazendo... As Brasinca e SR, posso atestar, são duráveis, outras poucas marcas também são. Tanto que dessa oficina que fazia estas façanhas que meu primo contou, só ficou a lembrança.

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