terça-feira, 17 de outubro de 2017

Um carro jovem: Ford Corcel Hobby 1980

Na minha modesta opinião, o Ford Corcel é um dos automóveis mais interessantes já feitos no Brasil. Carrinho meio soneca, não era exatamente um esportivo (nem mesmo nas versões GT), não fazia curvas de forma ágil (mercê da suspensão que balançava muito: longe de ser defeito, a moleza das molas e amortecedores assustavam um pouco os menos avisados), mas o carro compensava a falta de agilidade com muito conforto e qualidade construtiva, além da notável e apreciável robustez mecânica, em boa parte de mérito do motor com nítidas origens Renault (unidade, aliás, que nasceu muito antes da Ford pensar em comprar a Willys-Overland do Brasil, nos idos de 1968).

Já tive a oportunidade de andar em alguns Corcel e Belina II (meu cunhado teve um branco, se não me engano de 1982, equipado com um inesquecível rádio Philco equipado com auto-reverse e mastigador automático de fitas cassete), e até hoje lembro da maciez da suspensão e do conforto interno, que transformava a esburacada BR-101 de pista simples em um mar calmo e tranquilo de navegar.

Mas se engana quem pensa que o Corcel, esse carro tão tranquilão, não empolgava os jovens: à exemplo do que a Volkswagen fez ao lançar o Passat Surf (sem esquecer do que a Dodge fez ao lançar o Dodge SE e o 1800 SE, em 1972/1973), a Ford olhou para aquela rapaziada com não muita grana e disposição de ter um carro bacana e pensou: e que tal se a gente fizesse um esportivo de entrada? O resultado, lançado no começo de 1980, é o Corcel Hobby, que você vê abaixo, numa cortesia do profile Sidney68 do site Flicrk:

Um carro jovem e esportivo, conceito muito em voga nos anos 70 e 80.


Notem o volante da versão GT, as padronagens de tecido exclusivas da versão, as rodas comuns disfarçadas com sobrearos e o painel de instrumentos mais maquiado, ingredientes que tornaram um Corcel L menos sisudo e mais esportivo.
A Ford foi bastante astuta: pegou o modelo L (intermediário, entre o LDO completo e o standard) e o equipou com algumas bossas do modelo GT: volante com tendências esportivas (três aros metálicos, ao invés da versão com dois aros ou a de quatro raios, igual a do Landau, na versão LDO), sobrearos cromados (para disfarçar as rodas "caretas", já pintadas de preto); pneus radiais 185/70 de aro 13; padronagem nova dos tecidos dos bancos e do forro das portas (um xadrez meio "pied-de-poule"ou "pied-de-coq", não sei bem ao certo); além da já tradicional ausência de cromados e a presença dos logotipos adesivos exclusivos.

A ideia, assim como ocorreu na vizinha Volkswagen, agradou em cheio: o Hobby (que, por sinal, poderia ser equipado com o manso, mas econômico, motor 1,4l), continuou em produção até o ano de 1982, sofrendo modificações e perdendo um pouco a personalidade. Em 1983 a Ford trouxe a série especial "Os Campeões" para suprir a lacuna deixada pela versão mais descolada do Corcel, mas isso é papo para outra prosa...


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