domingo, 4 de junho de 2017

"O teste dos motores a álcool" (outubro de 1979)

A cena é das mais comuns e se repete milhares de vezes por dia: chega um automóvel num posto de combustíveis e o motorista (ou a motorista) pede para o frentista (ou a frentista): "completa com etanol". Pois é, hoje é etanol, nome mais bonito e mais científico para o combustível vegetal, mas pra mim, representante da old school, sempre será álcool, o bom e velho álcool motor.
 
Bem, pra ser franco, velho combustível é modo de dizer, pois o álcool carburante não é coisa antiga: se comparado ao emprego da gasolina, o uso do álcool nos motores de combustão é bem recente. E foi  mérito nosso: em 1979, com o pioneiro Fiat 147, o mundo conheceu  o primeiro veículo movido a álcool produzido em série. Depois dele, a Volkwagen, ainda em 1979, quase 1980, trouxe o Passat. Chevrolet e Ford só apresentariam motores etílicos no primeiro ano da década de 80.

Vocês bem devem imaginar o impacto dessa novidade em cenário mundial, num pais que ainda engatinhava em tantas áreas, mas em termos de combustível vegetal tivemos o pionerismo. Claro, o lançamento de um novo combustível custou caro, muito tivemos de aprender. Problemas como a corrosão generalizada no sistema de alimentação e exaustão, dificuldades na partida a frio e a maior necessidade de regulagens na carburação eram dificuldades nos primeiros tempos. À parte as inúmeras críticas ao Pró-Álcool, muitas delas muito corretas,  que renderiam um blog inteiro de considerações...
 
Mas hoje eu não quero estender a prosa, tampouco este espaço é dedicado ao estudo aprofundado de temas de economia, ou de matérias do gênero. É que eu apresento a vocês um material interessante sobre o primeiro teste em circuito fechado dos motores a álcool, publicado pela Quatro Rodas em outubro de 1979, em um suplemento muito bem feito pelo pessoal da revista, numa das melhores e inesquecíveis fases da publicação.
 
Sem mais delongas, deixo vocês com a reportagem para vocês terem uma ideia de como era essa história de álcool em 1979, no começo da era do combustível vegetal. Foi muito trabalho para tornar o etanol uma coisa tão comum, como hoje é...
 
A revista, do meu acervo, foi digitalizada nas partes que interessam ao nosso espaço, com o intuito de divulgar o material histórico aos interessados por motores e automóveis antigos.






Notem que o Fiat 147 estava discretamente amassado, culpa de um pequeno acidente em uma das muitas voltas no antigo traçado de Interlagos. E o banho de champanha, depois do árduo percurso.



Naqueles tempos não tínhamos as facilidades de hoje: era tudo contado na calculadora, cronômetro, concentração e fé. Hoje temos um negócio chamado GPS que facilita enormemente as coisas, além de ser surpreendentemente preciso.








Notem o uso de fita adesiva para segurar os amassados do Fiat. Importante era o teste do motor, a carroçaria não era o mais importante...
Não, não era uma vara de pescar instalada no para-choques do Fiat: é a antena do rádio PX (conhecido como faixa do cidadão), o meio de comunicação mais eficiente na época, tempos em que a telefonia celular era um sonho distante.













Aqui começa o divertido relato de Claudio Carsughi, um dos melhores editores técnicos que a Quatro Rodas já teve em todos os seus tempos.








Naquele 9 de setembro de 1979, Jody Scheckter, pela Ferrari, venceu o GP da Itália de F-1 e se sagrou campeão mundial da modalidade.













O Passat também se acidentou, em razão da combinação de alta pressão nos pneus e uma chuva torrencial.




Um dos entrevistados é Gabriel Marazzi, que, anos depois, tornar-se-ia um excelente jornalista automotivo. O sobrenome denuncia: ele é filho do saudoso Expedito Marazzi, que já foi alvo de matéria neste blog.















Por hoje é só, pessoal! Mas volto outro dia pra gente prosear mais um pouco!