domingo, 26 de março de 2017

Catálogo da Semana: Linha Monza 1983

Dentre os muitos automóveis produzidos nesse país, o Monza é um dos que mais me agradam. Muito bem construído, confortável, motor elástico e com bom (o 1,8 e o 2,0, especialmente), o médio da Chevrolet agrada logo na primeira volta, tanto quanto agrada o Santana, seu rival histórico, também com muitas virtudes interessantes.
 
Mas hoje a gente não vai falar de Santana, hoje é dia de se recordar do Monza, em especial o do ano de 1983, ano em que a fábrica da gravatinha providenciou a versão três volumes e quatro portas (que se somou à versão Hatch, a primeira lançada, em 1982), que, por incrível que pareça, fez sucesso em um mercado que era bastante arredio aos carros de quatro portas.
 
Pra quem não sabe, explico: naquela época, o consumidor pensava que carro com dois pares de portas era carro de praça, destinado a virar táxi, desvalorizado pelo uso intenso dos carros de praça. Preconceito felizmente superado nos dias de hoje; mas, naqueles tempos, carros de quatro portas (como o Chevette, da própria GM) não eram bem recebidos, destinados que eram às exportações. para paises em que o par extra de portas era muito bem recebido.
 
E o Monza ajudou muito na quebra do preconceito: com travas elétricas, não mais tinha a desculpa que as crianças abririam as portas com o carro em movimento; com a imagem de carro médio de luxo, não tinha o ranço de ser um carro básico destinado ao uso na praça; além disso, o desenho era muito correto, deixava muito elegante o carro, como se pode notar do caprichoso catálogo elaborado pela GM:





 

 
 
 
Esta página do catálogo merece comentário: pode-se notar a rara opção de acabemento bege dos bancos e do revestimento do painel, mas ainda permanecia o quadro de instrumentos básico, que foi melhorado com a adoção do conta-giros, vacuômetros e voltímetro apenas em 1985.



 
 
Esta página também merece comentário: notem a preocupação em dissipar o mito de que as portas extras seriam perigosas para as crianças, com a menção da trava interna para as portas traseiras, além da presença dos vidros elétricos na dianteira, acionados pelo incômodo botão no console dianteiro, falha sanada nos modelos posteriores.
 
 
 

 
 
 
Outra página que rende um pouco de prosa: notem a rara, muito rara, versão básica com os bancos baixos; os bancos altos, com o encosto embutido, eram opcionais "obrigatórios", já embutidos no preço do Monza que você tirava na revenda no ano de 1983. Além disso, notem a presença do motor 1,8, lançado em fins de 1982, mas apenas na versão a gasolina: a versão etílica do 1,8 só veio em 1984, junto do Monza sedan duas portas.
 
 
 
Este interessante catálogo, disponibilizado pelo excelente site Old Cars Manual Project, traz boas lembranças dos tempos em que o Monza era um dos automóveis mais vendidos do Brasil, algo impensável atualmente, num mercado amplamente dominado pelos veículos populares. Mas isso é outra prosa, que fica para uma próxima postagem.