sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Propaganda da Semana: ITA Lassalle (1989)

Esse é um carro bem raro, digo isso logo na primeira linha do texto. E nem poderia deixar de ser, pois é um dos últimos carros feitos em fibra de vidro antes da abertura das importações ocorrida em 1990. Para ser preciso, o Lassale viu o mundo pela primeira vez lá em 1989.

Bem, não o acho exatamente bonito. Talvez não ganhasse campeonato de elegância de linhas, mas pretendia ser um carro muito luxuoso - algo que efetivamente cumpria. Também, pelo que custava (algo próximo de dois Santana GLS 2000), tinha de ser um carro esmerado.

O projeto lembrava um possante Mercedes conversível - e o estepe na traseira, protegido por um ressalto executado em fibra de vidro, lembra um pouco um Cadillac. Toda essa classe era empurrada por um vigoroso motor GM 250-S, o mais do que confiável motor do Opala seis cilindros, 4,1 litros de pura saúde. Todo o restante da mecânica - desde os freios até a transmissão (inclusive automática, se a requeressem opcionalmente) - deve ser GM.

Esta é a única propaganda que conheço do Lassale. (fonte:propagandadecarrosantigos.com)
Já o projeto da carroçaria é da ITA: um chassis formado tubos de aço, devidamente emborrachados, suportava a "lataria" de fibra de vidro. Os faróis eram do Monza, lanternas do Chevette, os vidros e as maçanetas do Opala - e a grade é uma forte homenagem aos classudos Mercedes-Benz daqueles tempos.

O Lassale, único veículo da ITA, não foi exatamente um sucesso. Não sei o número exato; acredito que não mais do que 25 unidades foram montadas - o que decretou o fim do único veículo produzido pela ITA Motores e Montadora de Veículos Ltda.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Propaganda da Semana - Ford Corcel II Van (1980)

Uma Belina II não é exatamente um carro muito raro - se você rodou hoje por aí, provavelmente topou com uma destas (eu mesmo vi uma hoje!). Porém, é preciso considerar que a versão pode ser muito rara, mesmo quando o automóvel é um sucesso de vendas. Este é o caso da Corcel II Van.

Curiosamente, a Ford, talvez por receio de vincular o nome da Belina - uma perua de pretensões familiares - a um utilitário, resolveu chamar essa versão da Belina de Corcel II Van. É, então, uma Belina, sem ser exatamente uma Belina. Caso muito curioso, portanto...

Bem, a Ford, lá em 1982, começou a sentir a concorrência da Fiat, fábrica que trouxe ao Brasil várias inovações, inclusive uma atrevidíssima picape, montada na base do 147 e carregava bastante peso, contando, inclusive, com uma versão fechada, a Fiorino.

Aí alguém da fábrica do oval deve ter pensado "ah, precisamos fazer alguma coisa!". A solução definitiva - a Pampa, versão picape do Corcel - só viria em 1982, e este era um intervalo de tempo muito longo para ser deixado em branco. Logo, a ideia foi natural: a Belina teve de ser convocada para o serviço pesado.

A carroçaria é a mesma da versão standard, sem luxos ou os frisos plásticos da versão L. Carro de trabalho não precisa de luxos, não é mesmo? O interior, pelo que se vê das raras fotos disponíveis por aí, é o mesmo da versão básica, com os bancos de encosto baixo (comuns àqueles tempos). Atrás deles, como medida óbvia de proteção, uma parede metálica até o topo dos bancos, completada por uma grade igualmente metálica.

O "salão de carga" é bastante simples: ripas de madeira no assoalho, para facilitar a entrada e saída dos objetos, forração lateral inteiriça, de material mais simples - e o curioso detalhe de que as janelas laterais eram substituídas por chapa, daí o nome van:

A única propaganda conhecida desta rara versão (fonte: propagandadecarros.com)
A suspensão traseira era reforçada - seguramente os pneus também eram; as rodas eram as mais simples da linha, sem o logotipo vermelho no centro do cubo. Opcionalmente, os motores, tanto a álcool quanto a gasolina, poderiam ser acoplados à transmissão de cinco marchas, excelente para trajetos rodoviários.

Todas estas vantagens se perderam em 1982, quando a Pampa foi lançada - esta com uma capacidade de carga muito superior, além da óbvia vantagem de carregar objetos mais volumosos. Vai daí que ela não vendeu muito, não mais do que mil unidades, até o ano de 1984, quando a Van entrou para a história.