sexta-feira, 21 de março de 2014

Propaganda da Semana: Renault Dauphine

Responda rápido, sem pensar muito: qual foi o primeiro automóvel da Renault montado no Brasil? Não, não é o Clio. Muito menos a Scenic - o primeiro foi o Dauphine, lá em 1959.  Mas o amável leitor pergunta, não sem razão: mas a Renault do Brasil está aqui desde 1999? Certamente houve um erro de digitação ao grifar 1959...

Também não: o Renault Dauphine não era montado pela Renault, mas pela Willys-Overland do Brasil. Exatamente, a WOB fabricava o Dauphine sob licença aqui no Brasil, e começou a fabricá-lo na alvorada da produção nacional, lá em 1959.

Para os nossos padrões de hoje, o Dauphine era um bicho muito curioso: motor traseiro refrigerado a água, 845cm³ de cilindrada, capaz de desenvolver modestíssimos 31cv (26cv líquidos). A transmissão tinha três velocidades para frente, a primeira era seca, sem sincronizadores para ajudar nos engates. As rodas eram presas por três parafusos - e a chave de roda também podia ser utilizada para dar partida no motor, como se fazia nos carros do começo do século XX.

A carroçaria também guardava as suas surpresas: do tipo sedã, com quatro portas, comportava um razoável espaço interno. O porta-malas era dianteiro, e o estepe era guardado abaixo do compartimento das malas, de modo que era preciso bascular uma tampa - que servia de suporte da chapa de licença - para se ter acesso ao pneu sobressalente. Merece destaque a existência da trava interna para crianças, algo que muitos modelos que surgiram depois não tinham...

Como já disse antes, o motor de 26cv líquidos não pode ser considerado como esportivo, de modo que o Dauphine era bem lerdinho, meio soneca, sem a mais leve inspiração esportiva. De todo modo, se os números do velocímetro davam sono, os do marcador de combustível davam alegria: o Dauphine era bem econômico, fazia 14km/l com facilidade, algo que seus concorrentes (DKW Belcar e VW Sedan) não faziam com tanta facilidade. Esta virtude é fartamente destacada pela propaganda desta semana:




Claro, o Dauphine não era perfeito: sua suspensão era pouco resistente às condições brasileiras (asfalto era mais raro do que hoje, acredite), e a sua mecânica, apesar de apresentar soluções inteligentes, jamais conseguiu alcançar a fama dos DKW, muito menos a de um VW Sedã, referência em resistência até hoje.

Em 1962, a Willys-Overland lançou uma versão melhorada do Dauphini, o Gordini. Este já tinha o motor retrabalhado para render 40cv (brutos), afogador automático, transmissão com quatro velocidades e um acabamento interno um pouquinho melhorado. Mas o Dauphine resistiu até 1965, ano em que saiu da linha de produção da WOB para entrar para história.

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