terça-feira, 7 de janeiro de 2014

História do Chevette (1985)

Como sempre ocorre, a nova linha de um automóvel é sempre lançada no ano anterior. Paradoxo? Não, acredite: a linha Chevette 1985 foi lançada em outubro de 1984. E assim como em outros anos, poucas mudanças foram feitas, tanto que o comercial do modelo 1985 não faz menção à nenhuma novidade em especial, senão vejamos:



Mesmo assim, apesar de pouca inovação para aquele ano, o Chevette já era um carro maduro, como se diz no meio automotivo. Tinha seus defeitos crônicos (como, por exemplo, a falta de espaço interno), mas era um carro com um público cativo. Daí a razão de a Chevrolet destacar tanto o custo-benefício da linha, assegurado pelo preço razoável e pelos atributos do carro:
Apesar de não ser um carro moderno, o Chevette ainda era atraente pelo seu custo-benefício (foto: GMC, via Propagandasdecarrros.com)
De todo modo, a linha 1985 trouxe, além das novas cores (tradição de todo ano, como podem notar), a adoção, como equipamento de série, da ignição eletrônica para todos os motores a álcool e a gasolina. Em verdade, a ignição eletrônica já era item de série desde 1982, como os leitores mais assíduos podem perceber, mas os motores 1,6 movidos pelo combustível vegetal, lançados em 1983, ainda vinham de série com o já ultrapassado platinado. A economia agradece.

Nenhuma alteração significativa no desenho foi providenciada para linha 1985 (foto: GMC, via Propagandasdecarrros.com)
Além dessa novidade no sistema de ignição, que não é exatamente uma retumbante novidade, a fábrica alterou os tecidos dos bancos, inclusive com um padrão de costura levemente diferente. E foi só isso: Chevy 500, recém-lançada, e a Marajó não sofreram alterações de maior monta.

Mas, no começo do ano de 1985, lá em março/abril, a Chevrolet, talvez por pensar que a linha 1985 foi fraca em novidades, trouxe um equipamento muito interessante: a transmissão automática. Assim, a fábrica conseguiu a rara façanha de ter a opção do câmbio automático em todos os modelos de sua linha (antes, só a Chrysler, em 1979, conseguira o feito, em que pese ter apenas dois modelos básicos em produção):

A fábrica, muito orgulhosa, apresenta os seus automáticos (a manopla do câmbio que aparece à esquerda é a do Monza). Mas era discreta na identificação: apenas o logotipo "automatic" na traseira informa aos passantes a novidade (foto: GMC, via Propagandasdecarrros.com)
Apesar do forte preconceito em relação aos câmbios automáticos (algo que, infelizmente, ainda perdura), a fábrica trouxe esta novidade para sua linha - e coube ao Chevette uma caixa automática, fabricada pela Isuzu, com três velocidades. Efetivamente não era muito moderna (apenas para lembrar, o Dodge Polara, lá em 1979, trouxe uma transmissão com quatro velocidades), mas era muito robusta e confiável. E o seu manuseio era fácil, só apertar o botão do lado esquerdo da manopla e levar a alavanca até a posição desejada. Só não dava para empurrar o carro para pegar no tranco, algo impossível em todos os  automáticos...

Claro, não existe nada perfeito - e a transmissão automática, ainda que moderna, sempre vai roubar desempenho. Mas, pensando no acréscimo de conforto (principalmente quando o comprador trazia o ar-condicionado junto), a lerdeza até compensa. E não é outra a opinião que lemos na avaliação do Paulo Celso Facin publicada na revista Motor-3 (edição nº. 67, de Janeiro de 1986), como se pode ver abaixo:




Revista Motor-3, edição Janeiro de 1986, digitalizada do nosso acervo.
A GM, boa mãe que é, logo tratou de disponibilizar o câmbio automático para todos os seus filhos. Assim, desde a Marajó até a Chevy 500, passando pelo Chevette Hatch (este já um tanto esquecido), o conforto das trocas de marcha automáticas foi garantido aos modelos da linha Chevette.

Com esta nova opção, a Chevrolet socializou a transmissão automática para os carros mais baratos daquela época. Vale dizer que alguns concorrentes, como o Gol e o Uno, nunca tiveram esta opção. Mesmo assim, apesar do conforto, a opção do câmbio automático nunca foi um grande sucesso. Hoje, ver um Chevette automático é questão de muita sorte - e nem se fale nas Marajós e Chevy 500 automáticas...

Mesmo assim, apesar de um ano pouco generoso em mudanças, à parte a transmissão automática, as vendas não foram ruins: 61.526 unidades foram vendidas. Sabem como é, nem sempre o ano em que o modelo recebe maiores atualizações é o que mais vende...

6 comentários:

  1. Douglas,

    Meu primeiro carro foi um Chevette SL Hatch 1980. Diverti-me muito graças à tração traseira, apesar da pouca potência do motor 1.4 que era por demais amarrado. Os últimos 1.6S eram bem melhores, mais espertos. Foi um carrinho que marcou época !

    Irei em breve voltar a escanear as minhas Motor 3. Voce também tem elas ?

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    1. Xracer,

      Meu avô tinha um Chevette DL 1.6/S 1992, motor ótimo, ronco muito bonito, tinha bom torque e andava bem. Andei muito nesse carro, lembro que nas subidas, ou ultrapassagens, era só chamar a 4ª marcha para acordar o motor, era um ronco bem bacana, subia o giro limpo - e a 5ª era boa em termos de consumo.
      Ah, para fazer curva era uma beleza, carro muito divertido!

      Eu gosto muito dos Hatch, principalmente os de primeira fornada, acho o desenho deles muito bonito. E o Hatch deve ser um ótimo fazedor de curvas, hehe.

      Opa, que maravilha! Eu tenho algumas, a maioria delas comprada pela internet. Tenho a 14, 26,31, 32, 34, 35, 36, 37, 38, 44, 63, 67, 68, 77, 78 e a 80. Aos pouquinhos eu vou formando a coleção, até gosto de comprar uma de cada vez, só para sentir como era comprá-la todos os meses na banca, hehe.

      Muito grato pela visita e pelo comentário!

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  2. boa tarde meu nome e mauricio de saquarema rj eu tenho um chevette vermelho altomatico e um carro muito bacana eu queria saber se.alguen sabe me informa o numero do retentor da caixa altomatica .eu sei q.quem fabrica e´ a mf
    meu tf 22.988194291.porque o do meu chevette ta vazando.fiquen na paz

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  3. Prezado Maurício,

    Infelizmente não tenho um catálogo de peças da linha Chevette - esse seria o caminho mais fácil de se conseguir o código. Quem sabe se você entrar em contato com alguma Chevrolet da sua região alguém lá possa te repessar o código da peça.

    Outra alternativa que te sugiro é entrar em contato com as fábricas de retentores (como a Sabó), muito provavelmente eles tenham em seu catálogo a peça que precisas.

    Se souber de algo eu aviso - e o espaço está aberto para quem puder ajudar.
    Parabéns pelo Chevette e sucesso na sua busca!

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  4. Eu tenho um Chevette 86 SE automático placa preta, tira onda na rua e encontros mesmo com os curiosos

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    1. Seu Chevette realmente deve chamar muita atenção, os SE automáticos são raros (custavam um pouco mais que o Monza SL/E básico, se não chegava perto) e por isso fazem qualquer um na rua torça o pescoço pra vê-lo rodar. Parabéns pelo carro, volte sempre!

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