domingo, 8 de julho de 2012

História do Chevette (1979)

1979- Mais portas, mais versões.

1979 começou, mas a versão GP terminou... A versão esportiva do Chevette não aguentou a virada do ano. O fim foi melancólico, sem despedidas: simplesmente não apareceu nos catálogos e nem nas tabelas de preço.
O Chevette GP durou três temporadas (1976-1977-1978), mas não emplacou em nenhuma delas. Não, não tenho nada contra esta versão. Apenas penso que o Chevette GP poderia ter sido mais bem aproveitado. Aliás, quem não se lembra do Corsa GSi, nos anos 90? Ou o Uno Turbo, um legítimo pocket rocket, lançado em 1994?
Os pocket rocket (foguetes de bolso, numa tradução livre) são aqueles carros pequenos de excelente desempenho, com uma mecânica feita visando a performance, além do esmerado acabamento esportivo. O Chevette GP poderia ser o primeiro destes no Brasil, mas, por questões mercadológicas, não o foi. Tempos depois surgiu outra versão do Chevette com pretensões esportivas. Mas isto é prosa pra outra oportunidade...

Se uns vão, outros vêm: a Chevrolet trouxe duas novidades para o último ano da década de setenta: a versão quatro portas e a Jeans. Aquela versão era uma novidade, a primeira variação da carroçaria básica lançada em 1973. As portas mediam 94 cm (frente) e 92 (traseira), ante os 108 cm da porta da versão cupê:
 
Esta foi a primeira variação da carroçaria do Chevette (Foto: Heitor Hui/QR)
A adição das portas facilitava o acesso ao interior do veículo, embora ele continuasse apertado, pois a distância entre-eixos não foi alterada. (Aliás, o único caso de entre-eixos maior foi o Maverick Sedan, que tinha a distância entre as rodas maior do que na  versão cupê). Talvez por isso a espessura dos bancos dianteiros diminuiu, reservando dois preciosos centímetros extras aos passageiros do banco traseiro.

As portas foram pintadas por dentro pra dar  reforçar o fato de que o interior era monocromático (Foto: Heitor Hui/QR).
Eram disponíveis duas versões de acabamento: a básica e a SL, com os itens idênticos aos das outras versões. Uma ausência muito sentida era que, em nenhuma versão, a “trava de crianças”, que impede a abertura das portas traseiras por dentro quando acionada, era disponível.

Apesar de ser uma boa novidade, e de seu belo desing, a versão com duas portas a mais nunca foi sucesso de vendas por aqui. No Brasil, até os anos 80, imperava a cultura das duas portas. Culpa do Volkswagen Sedan? Não sei dizer com a necessária certeza, mas o brasileiro não comprava carro quatro portas como compra hoje. 

Na época, a versão quatro portas do Chevette foi encarada como uma tentativa de oferecer um produto novo no mercado, visto que o Fiat 147, o Corcel II, o Polara e o Volks Sedan não tinham versão quatro portas. O único concorrente deste filão de mercado era o Brasília quatro-portas, também lançado em 1979.
Porém, no exterior, a versão foi bem aceita. Nosso Chevette era exportado para diversos países; sabem como é: santo de casa não faz milagre...
A outra novidade  para '79 foi a festejada versão Jeans. O nome não era em vão: o revestimento interno foi feito totalmente em brim, tal como as calças Lee. Nos bancos e nas portas foram feitos bolsos (falsos) como numa calça jeans:

Um carro alegre, despojado, para o público jovem: Chevette Jeans (anúncio: reumatismo car club .com)
A versão Jeans nasceu para agradar o público que desejava um carro simples, despojado de pegada esportiva, mas de contido consumo - e, se possível, pagando pouco pelo carro novo. Tivemos na história de outras marcas várias versões que trilharam o caminho do "esportivo-despojado", como o Dodge SE (1972), Dodge 1800 1800 SE (1974), Corcel II Hobby (1980) e o Passat Surf (1979). Eram versões mais simples, sem cromados, com acabamento interno mais simplificado, na medida para agradar o público jovem.
Foto: Cláudio Larangeira/QR de Abril de 1979.
O Chevette Jeans poderia ser encomendada em duas cores: branco everest e prata diamantina metálica. O painel e os revestimentos plásticos eram pretos, combinando com o revestimento. Externamente, o único detalhe que diferenciava esta versão era o adesivo “Chevette Jeans” aplicado nos para-lamas dianteiros. A versão, disponível apenas em 1979, é bastante difícil de achar ultimamente, principalmente com os revestimentos internos em bom estado.


Alguns detalhes do carro (fotos: Opaleiros do Paraná.com).
Mas que ninguém se engane: em 1977 a Gurgel já havia lançado o Xavante Blue Jeans, com capota e revestimentos feitos em brim azul. O Chevette Jeans pode ter sido o primeiro Chevrolet nacional a receber o acabamento em jeans, embora a primazia no mercado verde-e-amarelo seja do simpático Xavante.

O primeiro veículo nacional a usar jeans: Gurgel Xavante Blue Jeans (fotos: Heitor Hui/ QR de 04/77).
Além dos acontecimentos descritos acima, a linha 1979 trouxe um opcional interessante: a dupla carburação. O carburador com corpo duplo era oferecido a todos os modelos, e tinha a vantagem de aumentar a potência do motor 1.4 em 1cv (passou para 69cv) e 0,3 kgfm a mais no torque (10,1 kgfm ao todo).
Anúncio: reumatismo car club .com.
Outra novidade foi a possibilidade de uma nova cor de acabamento para versão SL, o interior monocromático vermelho. Vale lembrar que desde 1978 a linha Opala tinha esta possibilidade de acabamento interno, que não era tão monocromática assim, pois alguns botões e comandos eram pretos, além da moldura plástica imitando madeira no quadro de instrumentos, hábito  que as fábricas tinham naquela época.

Foto: Heitor Hui/Quatro-Rodas.
Em 1979 foram vendidas 90.084 unidades, um dos números mais expressivos em vendas de toda a carreira do Chevette. E os preços naquele ano eram os seguintes:

 
Abaixo, segue o teste da Quatro Rodas de abril de 1979, com o lançamento do Chevette Jeans, uns dos carros mais comentados deste blog:




 
Postagem atualizada em 27/06/2018.