quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

19º Encontro Sul-Brasileiro de Veículos Antigos (Parte III)

Prosseguindo a série de fotos e comentários sobre o veículos presentes no 19º Encontro Sul-Brasileiro de Veículos Antigos, detenho-me hoje em falar das pequenas maravilhas: os DKW nacionais.

Logo na entrada do evento estava exposto um clássico nacional: o Candango. O nome não é gratuito- o simpático jipe DKW (só não teve este nome por conta da Willys que detinha à época o nome "Jeep" e suas variantes) encara caminhos que só mesmo os incansáveis candangos enfrentavam na metade do século passado. Principalmente a versão Candango 4, com tração em todas as rodas. Àqueles que queriam um utilitário menos raçudo estava disponível a versão Candango 2- esta com a tração dianteira comum a linha DKW.
Candango 4 1961: robustez em 2 tempos.
Este exemplar, de 1961, está equipado com um interessante equipamento de época: a capota rígida. A DKW não dispunha deste equipamento nem como opcional; quem desejasse deveria recorrer ao recém-nascido mercado de auto-peças nacionais. Se poucos Candangos sobreviveram, imagine quantas capotas como esta ainda existem? (a do veículo da foto, de acordo com a plaqueta aparafusada na coluna "c", foi feita pela Carraço).

Reparem nas rodas que combinam com a carroçaria e a capota rígida do utilitário.
Outro feliz exemplo de automóvel bem conservado, tanto interna como externamente!
Outros DKW estavam presentes na mostra, mas este Belcar 1967 era um dos mais impecáveis. Da última safra produzida, este Belcar é um amostra de originalidade.


O Belcar, sedã do qual falaremos em outra postagem, teve a oportunidade de lançar o Lubrimat, que era um mecanismo que misturava automaticamente o óleo à gasolina. Vale lembrar que os motores 2 tempos não dispõem de cárter (reservatório de óleo, em termos simples) - o óleo é misturado com a gasolina, garantindo a lubrificação.

O engenho, bastante divulgado na época, deixava muitos proprietários receosos, pois não eram raros os defeitos do tal Lubrimat. Sem óleo o motor trava- e exige sérios (e caros) reparos. Na base do "canja de galinha e cautela não faz mal a ninguém", os proprietários dos DKW desativavam o aparelho e punham o óleo diretamente no tanque (na proporção de um litro de óleo para cada tanque de 40 litros de gasolina), como nos modelos sem Lubrimat. Como se vê, nem toda evolução tecnológica funcionava bem: que o digam os computadores de bordo da linha Fiat da década de 80...

Não faltou nem o Lubrimat, traquitana mecânica vista com muito receio na época.
Belcar: pequeno por fora, grande por dentro.

 
Aguardem as próximas postagens! Ainda tenho muito para mostrar!

2 comentários:

  1. Pode-se dizer que o Candango foi o primeiro "crossover" do mercado brasileiro, considerando o compartilhamento de elementos mecânicos com os automóveis DKW. Quanto à capota Carraço, já vi um Jeep Willys equipado com uma dessas no Bonfa a uns anos atrás.

    Quanto à lubrificação dos DKW, não é incomum se deparar com proprietários que prefiram usar óleos para kart, que se solubilizam melhor na gasolina brasileira.

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    1. Honestamente, nunca tinha pensando nisso! De fato, o Candango é o primeiro "crossover" da nossa história automotiva. E por falar nisso, não tem como deixar de lembrar da célebre história do Jorge Lettry dizendo para o pessoal da Vemag que o Candango é um ótimo carro esporte. E esse fotografado foi o único original que vi na vida, os outros estavam com mecânica VW AP ou Ford 1,4.

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